AS ESTRELLAS
A hora a que as creanças adormecem,
pela concha do céo macio e brando,
palpitando, as estrellas apparecem.
E semelham, no céo limpido e lindo,
presas no ar e rebrilhando accesas,
pingos de lume n'agua refulgindo.
E recolhem as aves, escondendo
na asa a cabecinha fatigada,
cansada de ser livre, e já pendendo.
Dormem todos o mesmo somno brando;
Sonham todos o mesmo sonho lindo;
todos sorrindo e doces respirando.
Mas as estrellas, pelos céos suaves,
accendem nos seus olhos o cuidado:
vigilam, p'ra que seja descansado
o somno das crianças e das aves...
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Afonso Lopes Vieira (1878-1946)
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Nota: O texto foi transcrito tal qual o original.
No entanto é de notar que no primeiro verso creanças está escrito com (e).
Já no décimo sexto verso a palavra criança aparece com (i),
consoante a nomenclatura actual.