segunda-feira, março 21, 2011

BALADA DO SILÊNCIO

Chegou,
lenta,
a noite.

Tudo em redor de mim entristeceu,
emudeceu,
parou...

Apenas
o melro dos pinhais
cantou
uma canção ausente
que não voltou mais
trazer a mensagem que lhe ardia no bojo.

Nos currais
entrou o derradeiro gado
a calcar o tojo
que o homem lhe deu para a cama.

Ardia na lareira
meia duzia de gravetos
ougados dias antes pela brenha.

E tudo estaria certo mais ou menos
se não fosse o que ia por casa do jornaleiro:
a mulher não tinha mais que a lenha
para fazer duas tijelas de caldo
que enganasse a fome
à canalha.

É por isso que não há nada que valha
o silêncio dum poema
por escrever...

Manuel Joaquim Rodrigues

sábado, março 12, 2011

LONGE DA VISTA

O que mais me comove e me contrista,
Neste pesar que se apossou de mim,
É não saber _ que tenebroso egoísta ! _
Se te lembras de mim ...

Qualquer idéia em que a memória insista
Redobra a nossa angústia, é uma aflição
E eu vivo a repetir _ «Longe da vista,
Longe do coração».

António Feijó

quarta-feira, março 09, 2011

UM OLHAR

Quando a mulher é formosa,
Tem mil maneiras de o ser;
Mas não há verso nem prosa
Que bem lho saibam dizer.

Esta verdade é antiga:
Para a mulher, bem mulher,
Não há palavra que diga
O que um olhar não disser.

Fernandes Costa

terça-feira, março 08, 2011

08 MARÇO 2011


QUADRO SUBLIME

Envolta em rendas e nevado linho,
Dorme no berço angelical criança,
Qual ave implume que, em mimoso ninho,
Entre as ramagens do vergel, descansa.

E a jovem mãe daquele loro anjinho,
num doce enlevo, o filho seu balança
E, a sorrir-lhe com maternal carinho,
Se embala em sonhos de ternura e espr'ança.

Sublime quadro, de beleza infinda,
formam a meiga criancinha linda
E a mãe, que a ama com fremente ardor;

São almas belas, cheias de doçura:
Uma __ inocente, divinal e pura,
Outra __ vibrante de ternura e amor.
Maria Nunes de Andrade

Etiquetas:

terça-feira, março 01, 2011

MADRIGAL

De que cor
é o verde, depois do verde

dos teus olhos?


Jorge de Amorim