segunda-feira, janeiro 13, 2020

PERDIDO NA BRUMA

Perdi-me na bruma das coisas terrenas. _
Vagueio, às escuras, num mar de ansiedade...
Se atento os ouvidos, se escuto, oiço apenas,
Em sons murmurantes, a voz da saudade !...

Num mundo distante vislumbro paisagens: _
_Cidades ignotas, castelos de espuma...
Na tela dos «longes» perpassam imagens, _
Não sei distinguilas, perdi-me na bruma !...

Meus olhos absortos, fitando os espaços,
Observam tragédias dum mundo enganoso... _
_Sou nau sepultada no «Mar dos Sargaços»,
Galera perdida no «Mar Tenebroso» !

Descubro, contudo, nas vagas, boiando,
Fragmentos, destroços de armadas vencidas; _
Carcaças enormes no mar, baloiçando,
Florestas de mastros co'as velas caídas !...

... Será que este mundo perdeu sua rota
Num vento de insânia fugal, fugitivo ? ! _
Habito uma ilha confusa, remota,
Perdi-me na bruma... _ não sei onde vivo !

M. Correia da Silva

2 Comments:

Blogger Dalva M. Ferreira said...

Fácil perder-se nesse nosso novo mundo cheio de tecnologias...

9:34 da tarde  
Blogger CÉU said...

Olá, estimado Manuel!

BOM ANO PARA INÍCIO DE COMENTÁRIO!

Espero que esteja bem de saúde e feliz. Por aqui, tudo normal.

Não conheço este poeta, mas gostei do poema, embora encerre tanta tristeza nele. O Manuel escolhe muitas vezes poemas tristes, mas, acredite, que espero bem que esse não seja o seu estado de espírito. A vida, o mundo, é composto de mudança, já dizia o poeta. Se hoje, estamos "perdidos", sem amor, um dia, tudo será diferente, e a idade é o que menos interessa.

Aceita um convite? O meu blogue está em festa. Espero por si, lá. Combinado? Obrigada!

Um beijo de muita amizade.

6:39 da tarde  

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