sábado, abril 11, 2020

CIUMENTA

Fazes-me pena com os teus queixumes,
Minha adorada e encantadora amiga,
E no entanto perdoa que eu te dia
São irrisórios esses teus ciúmes.
    
Eu sou a flor dos solitários cumes
Que a neve queima e o vendaval fustiga,
À qual não chegam mãos de rapariga
Nem desce a protecção dos altos Numes.
    
E tens ciúmes duma pequenita
Em cujos olhos leio a minha sina
E é toda a luz da minha solidão!
    
Porque te assusta o amor que lhe dispenso?
Olha que Deus bondoso e em tudo imenso,
Também me fez imenso o coração.
    
                    Carlos de Moraes