domingo, fevereiro 19, 2012

SONHO DE ARTE

Em horas de lazer, abençoadas,
Detenho-me a ouvir, no prédio em frente,
As vibrações dolentes, prolongadas,
Dum Pleyel que deleita a minha mente.

De Grieg. as frases ternas, delicadas,
Perpassam pelo ar, serenamente :
A Arte, e a Beleza, tão amadas,
Devem sorrir ali discretamente.

Penso em mansões de pálidas orquídeas
Nas obras de Mozart, de Rubens, Fídias,
Em cânticos de fontes ao luar...

_Ó Arte ! Ó beijo ! Ó santa claridade !
Envolto nessa tua suavidade,
Eu escuto... e cismo... e fico-me a sonhar...

Faustino dos Reis Sousa

domingo, fevereiro 12, 2012

VINHO ALEGRE

Venha, após tanta lágrima bebida
E tanto fel provado, a doce e branda
Alegria, onde a murcha flor se expanda
Do sorriso; e eu, de novo, surja à vida !

De novo, em festas, gárrula e florida,
A alma se rasgue inteira _ ampla varanda
Escancarada, de uma e de outra banda,
Ao fresco e à luz, de alegre sol batida...

Parta a lousa ao sepulcro, que a devora;
E livre, assim, d'essa mortal tristeza,
Desfeita em hinos, vá pela floresta...

Vá pelo mar... vá pelo azul afora...
Derramando por toda a natureza,
O pouco de ilusões, que inda me resta.
Raymundo Corrêa