terça-feira, janeiro 29, 2008

COMPENSAÇÃO

Minha grande alegria de a ter tido
paga em sobejo a mágoa de perdê-la,
compensação é ter o perfeito juízo
que amá-la... era doce sonhar tê-la!

Que importa então aquele momento?
Sonhos nunca acabam no firmamento,
vou beijar o céu, entre as estrelas
sonhar... a mais linda de todas elas.

E então... recuso a despedida afinal
quero beijá-la, na luz da falsa ida
aqui no peito, senti-la pulsar vida.

porque na Terra existe em roseiral
e se aqui não a posso ter em flor,
para o Céu eu transfiro o meu amor!

Isa. Cal.

segunda-feira, janeiro 21, 2008

COMPENSAÇÃO


Eu não lastimo a sua despedida,
que me entristece pouco; esse momento,
quero apagá-lo em toda a minha vida,
porque não turve o meu deslumbramento.

Por que daria, na hora da partida,
pouso em minh'alma a inútil sofrimento?
_Antes lembrar-lhe a vinda, entretecida
de luz celeste e santo encantamento...

Antes gozar o instante em que ela veio,
senti-la, na memória, junto ao seio,
e abraçar novamente o sonho e a estrela,

do que chorar e estar aborrecido:
_Minha grande alegria de a ter tido
paga em sobejo a mágoa de perdê-la.

Milton Costa

terça-feira, janeiro 15, 2008

CANTIGA SUA, PARTINDO-SE.

Senhora, partem tam tristes
meus olhos por vós, meu bem
que nunca tam tristes vistes
outros nenhuns por ninguem.

Tam tristes, tam saudosos,
tam doentes da partida,
tam cansados, tam chorosos,
da morte mais desejosos
cem mil vezes que da vida.
Partem tam tristes os tristes,
tam fora d'esperar bem
que nunca tam tristes vistes
outros nenhuns por ninguem.


Joham Rodriguez de Castel Branco

http://www.vidaslusofonas.pt/amato_lusitano.htm

http://www.universal.pt/scripts/hlp/hlp.exe/artigo?cod=2_30

_E agora?... _Qual dos dois escreveu o poema?!... Suponho, que foi o poeta palaciano. No entanto o nome pode induzir em erro. E só um estudioso do assunto, pode responder à questão.

terça-feira, janeiro 01, 2008

EM TODOS OS JARDINS

Em todos os jardins hei-de florir,
Em todos beberei a lua cheia,
Quando enfim no meu fim eu possuir
Todas as praias onde o mar ondeia.

Um dia serei eu o mar e a areia,
A tudo quanto existe me hei-de unir,
E o meu sangue arrasta em cada veia
Esse abraço que um dia se há-de abrir.

Então receberei no meu desejo
Todo o fogo que habita na floresta
Penetrado por mim como um beijo.

Então serei o ritmo das paisagens,
A secreta abundância dessa festa
Que eu via prometida nas imagens.

Sophia de Mello Breyner Andresen
Nasc. 6/11/1919 Fal. 2/07/2004