OUTONO

São pétalas que caem da vida,
Dias adormecidos no remanso,
Rendilhados de perfumes adocicados,
Folhas mortas prostradas no túmulo,
A suspirar negruras cobertas de violetas !
As andorinhas agasalham sob as asas os filhos,
A Primavera se foi, levada por elas !
São mortalhas as noites,
São funestos os cadilhos
Que minha alma adoptou !
Sol deitado nas copas das árvores,
As míseras folhas, leva-as o vento !
Oh folhas, levai convosco este sentimento
Que me entranha o peito dormento !
São relíquias de Primavera,
São pérolas malfadadas,
Folhas que saltam de lado para lado...
Minha sina sorri... são elas !
São as minhas fadas !
     
PS. Acordei com o poema na boca,
A saltar-me da alma...
Escrevi-o sem demora,
Antes que fosse a alvorada !
      
           São Torres de Amorim