A MÃE
Há fogo numa casa, à beira do caminho.
O bom povo d'aldeia em ondas se aglomera;
com medo vão fugindo as aves para o ninho;
aumenta mais e mais a subida cratera.
Ouve-se uma voz rouca, em tom desesperado:
_«Oh! Salva-te, mulher! É livre ainda a porta.
Não sejas avarenta: o cofre pouco importa;
todo o valor que tinha eu tenho aqui guardado».
Branca como um fantasma, aflita, desgrenhada,
lá surge uma mulher daquela enorme chama,
levantando nas mãos o seu filhinho loiro,
que mostra à multidão atónita, pasmada;
e, fitando o marido, altivamente exclama:
_«Sou avarenta, sou! Contempla o meu tesoiro!»
Costa Alegre
O bom povo d'aldeia em ondas se aglomera;
com medo vão fugindo as aves para o ninho;
aumenta mais e mais a subida cratera.
Ouve-se uma voz rouca, em tom desesperado:
_«Oh! Salva-te, mulher! É livre ainda a porta.
Não sejas avarenta: o cofre pouco importa;
todo o valor que tinha eu tenho aqui guardado».
Branca como um fantasma, aflita, desgrenhada,
lá surge uma mulher daquela enorme chama,
levantando nas mãos o seu filhinho loiro,
que mostra à multidão atónita, pasmada;
e, fitando o marido, altivamente exclama:
_«Sou avarenta, sou! Contempla o meu tesoiro!»
Costa Alegre