AS POMBAS
Vai-se a primeira pomba despertada . . .
Vai-se outra mais . . . mais outra . . . enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada . . .
E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada . . .
Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais ;
No azul da adolescencia as asas soltam,
Fogem . . . Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais.
Raimundo Corrêa