A MORTE DE CALAR
As viagens que sou prenderam-se em
redomas
Ao corpo das palavras. À morte de
calar.
Do alfabeto meu ignoro as
cristalinas
Formas de aladas letras nestes versos
finais.
São fantasmas de sol. Sãp fantasmas de
sede
Que chegam alta noite para nenhum
Lugar.
Decifro nas entranhas das trevas
migradoras,
O solstício da vida além da morte
clara.
Mas quem me vem cegar, com setas
voadoras,
Nega-me agora a paz das secretas
paisagens.
Meus Irmãos de astronaves, guiadas por um
morto,
Que me esperam e estão, que me cantam e
falam,
Que na vazia cruz crucificam meu
corpo
E abandonam a flor, mesmo a meio da
sala,
à janela rasgada, para as cinzentas
águas,
Encostam-me, sem olhos, e deixam-me
ficar.
Não tenho nada mais a escrever sobre as
ondas.
E, mesmo que tivesse, ninguém leria o
Mar.
Natércia Freire