segunda-feira, fevereiro 25, 2013

A MORTE DE CALAR

As viagens que sou prenderam-se em redomas
Ao corpo das palavras. À morte de calar.
Do alfabeto meu ignoro as cristalinas
Formas de aladas letras nestes versos finais.
São fantasmas de sol. Sãp fantasmas de sede
Que chegam alta noite para nenhum Lugar.
 
Decifro nas entranhas das trevas migradoras,
O solstício da vida além da morte clara.
Mas quem me vem cegar, com setas voadoras,
Nega-me agora a paz das secretas paisagens.
 
Meus Irmãos de astronaves, guiadas por um morto,
Que me esperam e estão, que me cantam e falam,
Que na vazia cruz crucificam meu corpo
E abandonam a flor, mesmo a meio da sala,
à janela rasgada, para as cinzentas águas,
Encostam-me, sem olhos, e deixam-me ficar.
 
Não tenho nada mais a escrever sobre as ondas.
E, mesmo que tivesse, ninguém leria o Mar.
 
Natércia Freire

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Hermosas letras compartidas, un placer pasar a leerte.
Te dejo un fuerte abrazo, buen comienzo de semana!

2:36 da manhã  
Blogger Elvira Carvalho said...

Um belo poema de Natercia Freire.
O poema eu não conhecia mas esta poetisa sim. Faz parte da minha galeria de poesia no feminino.
Um abraço e uma boa semana

6:12 da tarde  
Blogger Olinda Melo said...


'A Morte de Calar', não há pior morte que a do silêncio, do silenciamento de vontades e de quereres.

Abraço

Olinda

11:48 da manhã  
Blogger Myriam said...

Gracias por tu comentario en mi entrada de Serrat. Bienvenido siempre que lo desees.

Un Saludo.

8:55 da manhã  

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