SONETO DE AMOR E DE ORGULHO
Por ti lutei. Venci os bárbaros e os brutos,
Fiz da minha existência uma ascenção de glória,
Tomei, dentro da vida, uns modos resolutos
E minha fronte ergui, num gesto de vitória.
Para te merecer e possuir minutos
Efémeros de amor, eu afrontei a escória,
A turba sensual dos homens dissolutos,
Que de ti conseguiu só volúpia ilusória.
Por ti, eu vagueei ao sol, ao vento e à chuva
Para um dia, beijar os doces bagos de uva
Dos teus olhos aonde a primavera canta...
Por ti, fiz do meu sangue uma perpétua aurora...
E dos meus nervos fiz as cordas em que chora
A canção que jamais me saiu da garganta.
Afonso de Castro
Fiz da minha existência uma ascenção de glória,
Tomei, dentro da vida, uns modos resolutos
E minha fronte ergui, num gesto de vitória.
Para te merecer e possuir minutos
Efémeros de amor, eu afrontei a escória,
A turba sensual dos homens dissolutos,
Que de ti conseguiu só volúpia ilusória.
Por ti, eu vagueei ao sol, ao vento e à chuva
Para um dia, beijar os doces bagos de uva
Dos teus olhos aonde a primavera canta...
Por ti, fiz do meu sangue uma perpétua aurora...
E dos meus nervos fiz as cordas em que chora
A canção que jamais me saiu da garganta.
Afonso de Castro