ERA UMA TARDE...
Era uma tarde
De vento agreste e de inclementes chuvas.
À porta do palácio, a multidão
De aleijadinhos, orfãos e viúvas,
Mal coberta de andrajos, a tremer,
Pedia pão...
Quem havia de, entretanto, aparecer ?
Vinha Isabel com uma abada de ouro,
Um deslumbrante e autêntico tesouro,
E ia já dá-lo aos pobrezinhos, quando
El-Rei lhe tolhe o passo...
__Que trazeis vós, Senhora, no regaço ?__
Pergunta D. dinis. Ela corando,
Responde-lhe: __São rosas, meu Senhor...
__Rosas no Inverno ? Não será engano ?...
__É que estas rosas são de todo o ano, __
Diz a Rainha então,
__São rosas de piedade e de perdão,
Rosas de luz,
Rosas de amor,
Duma roseira que plantou Jesus...__
E, desdobrando o seu brial de seda,
Mostrou-lhas, a sorrir...
Cada moeda
Se transformara, por milagre, em flor...
E, frescas, orvalhadas e viçosas,
Aos pés de El-Rei cai um montão de rosas...
Pelo ar derramou-se um tal aroma
Tão doce e tão fragrante,
Como se alguém tivera nesse instante
Quebrado uma redoma
De bálsamos celestes...
Cândido Guerreiro
De vento agreste e de inclementes chuvas.
À porta do palácio, a multidão
De aleijadinhos, orfãos e viúvas,
Mal coberta de andrajos, a tremer,
Pedia pão...
Quem havia de, entretanto, aparecer ?
Vinha Isabel com uma abada de ouro,
Um deslumbrante e autêntico tesouro,
E ia já dá-lo aos pobrezinhos, quando
El-Rei lhe tolhe o passo...
__Que trazeis vós, Senhora, no regaço ?__
Pergunta D. dinis. Ela corando,
Responde-lhe: __São rosas, meu Senhor...
__Rosas no Inverno ? Não será engano ?...
__É que estas rosas são de todo o ano, __
Diz a Rainha então,
__São rosas de piedade e de perdão,
Rosas de luz,
Rosas de amor,
Duma roseira que plantou Jesus...__
E, desdobrando o seu brial de seda,
Mostrou-lhas, a sorrir...
Cada moeda
Se transformara, por milagre, em flor...
E, frescas, orvalhadas e viçosas,
Aos pés de El-Rei cai um montão de rosas...
Pelo ar derramou-se um tal aroma
Tão doce e tão fragrante,
Como se alguém tivera nesse instante
Quebrado uma redoma
De bálsamos celestes...
Cândido Guerreiro