APARIÇÃO
E a tua voz murmura como um canto...
Ondeia em névoas de astros o teu manto
É um clarão do Além teu vulto alado!
Ergues nas mãos as rosas do Passado,
que ao seio apertas lacrimosa __ enquanto
elas derramam, húmidas de pranto,
o sangue dum amor crucificado...
Jardim lilás e oiro, a tarde finda,
toda a esfolhar-se em luz crepuscular...
Vens quando é noite já, e dia ainda...
Vens do enigma desta hora enternecida,
quando a tarde é um beijo a soluçar
__um beijo em pranto como a nossa vida!
Bernardo de Passos