domingo, março 19, 2017

SONETO (Amor é fogo que...)

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;
    
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;    

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.
     
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
      
Luís de Camões

quinta-feira, março 09, 2017

FRUSTRAÇÃO

Andam cavalos à solta na Avenida sobre superfícies
brancas carregando liberdades públicas
geometricamente delineadas.
     
Caminhantes de olhos irizantes sob ideologias
cromadas descem a Avenida ávidos da esperança
em microcurtocircuitos  calcinada.
     
                            Joaquim Ribeiro Aires