GUILHERME DE AZEVEDO
DIZE !
Dize se quando a meiga lua adoras
Nas brandas noutes d'inspirado sonho,
Não sentes n'alma n'essas breves horas
Que os anjos buscão teu olhar risonho ?
Dize se quando a perfumada aragem
Perpassa leve pelo teu cabello,
Não sentes n'alma que uma doce imagem
Em ti se inspire de mais puro anhelo !
Depois em sonhos, palpitante o seio
Sonhos de rosas, de mais linda flor,
Dize se ainda nesse doce enleio
N'umm céu não vives d'inspirado amor !
Dize se ainda quando o mar suspira,
E tu vagueias na extensão da praia,
Os sons não sentes d'amorosa lyra,
Na mansa vaga, que a teus pés desmaia ?
Se a estrella fitas nos umbraes divinos,
Candida pomba, que aspiras aos céus,
Tua alma presa d'inspirados hynmos
Dize se sentes elevar-se a Deus ?
Dize se sentes o que o lyrio fala
Quando te inveja o divinal palor ?
Dize se ao fogo que de ti se exhala
Tudo na vida te não diz _ amor ? _
Guilherme de Azevedo
Nas brandas noutes d'inspirado sonho,
Não sentes n'alma n'essas breves horas
Que os anjos buscão teu olhar risonho ?
Dize se quando a perfumada aragem
Perpassa leve pelo teu cabello,
Não sentes n'alma que uma doce imagem
Em ti se inspire de mais puro anhelo !
Depois em sonhos, palpitante o seio
Sonhos de rosas, de mais linda flor,
Dize se ainda nesse doce enleio
N'umm céu não vives d'inspirado amor !
Dize se ainda quando o mar suspira,
E tu vagueias na extensão da praia,
Os sons não sentes d'amorosa lyra,
Na mansa vaga, que a teus pés desmaia ?
Se a estrella fitas nos umbraes divinos,
Candida pomba, que aspiras aos céus,
Tua alma presa d'inspirados hynmos
Dize se sentes elevar-se a Deus ?
Dize se sentes o que o lyrio fala
Quando te inveja o divinal palor ?
Dize se ao fogo que de ti se exhala
Tudo na vida te não diz _ amor ? _
Guilherme de Azevedo
Correio do Ribatejo nº 5158, de 23/02/1990, pag. 19