Á BEIRA DO MONDEGO
Do azul na grande abóboda,
espelhada,
campeia a lua e os astros
cintilantes;
os pés nas frescas águas
murmurantes,
dorme Coimbra triste e
sossegada.
Há pouco ainda a branda
serenada
nos bandolins chorava
palpitantes.
Tudo é silêncio agora e dos
amantes
não se movem as sombras na
calçada.
O cais repousa, a riba é
solitária,
da ponte nos esguios
candeeiros
a luz vacila crepitando
vária.
Nas curvas lanchas dormem os
barqueiros.
O poeta no entanto, o eterno
pária,
escuta a voz de Inês entre os
salgueiros.
Gonçalves Crespo