terça-feira, junho 21, 2011

RELANCE

Quando à noite, debruçado
Na janela do meu quarto,
Da confusão do passado
As recordações aparto,

Vejo caminhar, distante,
A mocidade a cantar
Uma canção delirante
De aves alegres p'lo ar,

Horas e horas sem fim
Fico-me triste a chorar
De ver que passou por mim
E já não pode voltar !

Justino Vianna

sábado, junho 11, 2011

IGNIS LATENS

Saiu obedecendo à sanha ímpia
Da fome que o prostrava, macilento,
Rosto cavado pelo sofrimento,
Um pobre... mal no céu rompera o dia.

Descera ao povoado e percorria
As ruas com olhar de desalento!...
Para a casa do pobre e do opulento
Olhava o pobrezito... e não pedia!...

Mas a fome devora-o... e ele, então,
A chorar em silêncio a sua dor,
Tremendo de a dizer... e ouvir um _ Não!

Eu também choro assim com amargor...
Ah! pois... amo-te tanto, coração!...
E receio dizer-te o meu amor!...

Manuel Lyrio