BALADA DO SILÊNCIO
Chegou,
lenta,
a noite.
Tudo em redor de mim entristeceu,
emudeceu,
parou...
Apenas
o melro dos pinhais
cantou
uma canção ausente
que não voltou mais
trazer a mensagem que lhe ardia no bojo.
Nos currais
entrou o derradeiro gado
a calcar o tojo
que o homem lhe deu para a cama.
Ardia na lareira
meia duzia de gravetos
ougados dias antes pela brenha.
E tudo estaria certo mais ou menos
se não fosse o que ia por casa do jornaleiro:
a mulher não tinha mais que a lenha
para fazer duas tijelas de caldo
que enganasse a fome
à canalha.
É por isso que não há nada que valha
o silêncio dum poema
por escrever...
Manuel Joaquim Rodrigues
lenta,
a noite.
Tudo em redor de mim entristeceu,
emudeceu,
parou...
Apenas
o melro dos pinhais
cantou
uma canção ausente
que não voltou mais
trazer a mensagem que lhe ardia no bojo.
Nos currais
entrou o derradeiro gado
a calcar o tojo
que o homem lhe deu para a cama.
Ardia na lareira
meia duzia de gravetos
ougados dias antes pela brenha.
E tudo estaria certo mais ou menos
se não fosse o que ia por casa do jornaleiro:
a mulher não tinha mais que a lenha
para fazer duas tijelas de caldo
que enganasse a fome
à canalha.
É por isso que não há nada que valha
o silêncio dum poema
por escrever...
Manuel Joaquim Rodrigues