quarta-feira, agosto 26, 2009

NOSTALGIA

Na languidez da tarde que esmorece
em sinfonias mágicas de cores,
há um perfume estranho em cada flor,
cálice ao céu erguido numa prece.

E quando a luz na sombra se entretece
num mistério bendito do Senhor,
paira no ar uma infinita dor,
uma doçura amarga que entristece.

E a saudade __ triste nostalgia __
companheira fiel de cada dia
vem torturar-me em seu prazer sem fim.

E então eu lembro os meus... a minha terra...
o meu país... e a casa onde se encerra
a minha santa mãe a orar por mim.

Anónimo

domingo, agosto 16, 2009

CHUVA

Bate na pedra e, na vidraça, chora...
Canta na mancha rubra do telhado.
Faz riachos, saltando, rua em fora
Num caprichoso e rítmico bailado.

E a tarde empalidece e já descora,
A tarde se molhou, de lado a lado...
E a chuva, lenta e fria, cai agora
Num dedilhar nostálgico do Fado...

Soa, continua, a sua voz discreta.
Há um perfume vago de violeta
Na casa triste, de cinzentos medos.

E a Hora cai __ mais lenta, mais suave...
Passa, na bruma, o voo de ave,
Sinto a Vida a fugir entre os meus dedos...

Albertina Saguer

quinta-feira, agosto 13, 2009

O VENTO

O vento que dança
além sobre o mar
O vento é criança
e põe-se a brincar.

Ondas, uma a uma
atrás dele vão.
Faz da branca espuma
bolas de sabão.

Depois sobre a areia
tem novos brinquedos:
finge que incendeia
os mudos rochedos.

E sobe aos outeiros
e desce à planura.
Faz dos castanheiros
leque de verdura.

Vai mais longe o vento!
_Desprende, alivia
com seu movimento
cada pedra fria...

Pedro Homem de Melo

domingo, agosto 09, 2009

O VENTO

Está hoje um dia de vento e eu gosto do vento.
O vento tem entrado nos meus versos de todas as maneiras
e só entram nos meus versos as coisas de que gosto:
o vento das árvores, o vento dos cabelos,
o vento do Outono, o vento do Inverno...
O vento é o melhor meio de transporte que eu conheço!

Ruy Belo