SONETO À LIBERDADE
Sagrada emanação da divindade,
Aqui do cadafalso eu te saúdo;
Nem em tormentas, com revezes mudos,
Fui teu votário e sou, ó Liberdade!
Pode a vida brutal ferocidade
Arrancar-me em tormento mais agudo;
Mas das fúrias do déspota sanhudo
Zomba da alma a nativa dignidade.
Livre nasci, vivi, e livre espero
Encerrar-me na fria sepultura
Onde império não tem mando severo.
Nem da morte a medonha catadura
Incutir pode horror a um peito fero,
Que aos fracos tão-sòmente a morte é dura.
António Carlos
Aqui do cadafalso eu te saúdo;
Nem em tormentas, com revezes mudos,
Fui teu votário e sou, ó Liberdade!
Pode a vida brutal ferocidade
Arrancar-me em tormento mais agudo;
Mas das fúrias do déspota sanhudo
Zomba da alma a nativa dignidade.
Livre nasci, vivi, e livre espero
Encerrar-me na fria sepultura
Onde império não tem mando severo.
Nem da morte a medonha catadura
Incutir pode horror a um peito fero,
Que aos fracos tão-sòmente a morte é dura.
António Carlos