MAGNIFICAT
Ai, a vida!
Quanto mais me magoa, mais a canto.
Mais exalto este espanto
De viver.
Este absurdo humano,
Quotidiano,
De um poeta cansado
De sofrer,
E a fazer versos como um namorado,
Sem namorada que lhos queira ler.
Cego de luz, e sempre a olhar o sol,
Num aturdido
Deslumbramento.
Cada breve momento
Recebido
Como um dom concedido
Que se não merece.
Ai, a vida!
Como dói ser vivida
E como a própria dor a quer e agradece!
Miguel Torga
Quanto mais me magoa, mais a canto.
Mais exalto este espanto
De viver.
Este absurdo humano,
Quotidiano,
De um poeta cansado
De sofrer,
E a fazer versos como um namorado,
Sem namorada que lhos queira ler.
Cego de luz, e sempre a olhar o sol,
Num aturdido
Deslumbramento.
Cada breve momento
Recebido
Como um dom concedido
Que se não merece.
Ai, a vida!
Como dói ser vivida
E como a própria dor a quer e agradece!
Miguel Torga