JANEIRO
Como prantos de dor, que o céu vinha chorando,
Na rua a chuva cabe impertinente e fria.
E' neve a desfazer-se e desce soluçando,
Enquanto o vento geme em imensa agonia.
Das lágrimas que arranca e que de quando em quando
No tormento da fome, assim, de dia a dia,
criancitas sem pão se andam definhando,
Terá pressentimento, acaso, a invernia ?
Tudo no Inverno é triste, os campos alagados
Os barquitos de pesca, além, abandonados,
Tombaram sobre a areia ao sopro do tufão;
Os dias não têm sol, as noites não têm 'strelas...
Mas nem por isso são às vezes menos belas...
No conchego dum lar, à mesa dum serão.
Alda Guerreiro
Na rua a chuva cabe impertinente e fria.
E' neve a desfazer-se e desce soluçando,
Enquanto o vento geme em imensa agonia.
Das lágrimas que arranca e que de quando em quando
No tormento da fome, assim, de dia a dia,
criancitas sem pão se andam definhando,
Terá pressentimento, acaso, a invernia ?
Tudo no Inverno é triste, os campos alagados
Os barquitos de pesca, além, abandonados,
Tombaram sobre a areia ao sopro do tufão;
Os dias não têm sol, as noites não têm 'strelas...
Mas nem por isso são às vezes menos belas...
No conchego dum lar, à mesa dum serão.
Alda Guerreiro