quinta-feira, outubro 01, 2015

NO SILÊNCIO MONACAL

Eis, no silêncio monacal, um frémito
De borboletas... Lá de longe em longe,
Sobre a encantada placidez do tanque,
Serenamente caem gotas de água.
     
Ah! Não podermos suspender o tempo
E conservá-lo, como o fino orvalho
Imóvel neste cálice de rosa...
Ah! Não podermos suspender a vida!
     
Seremos como as estátuas sombrias
Que ficaram, nos cantos dos jardins,
Ou como as altas torres onde, a espaços,
Voam morcegos, ao morrer do sol!
     
Eis, no silêncio monacal, um frémito
De borboletas... Como é noite já!
De velha, a água enruga-se num poço...
Tomba do cális, sobre a terra, o orvalho.
     
       João Cabral do Nascimento

 

6 Comments:

Blogger Graça Pires said...

O silêncio é sempre tão inspirador... Este é um belo poema.
Beijo.

12:37 da tarde  
Blogger Franziska said...

Evocador del silencio que se acompaña de la placidez del espiritu y de la paz del alma.
Muy bello, como todo lo que sueles ofrecernos. Es un placer disfrutar con estos escritores desconocidos para mí. Saludos cordiales. Franziska

7:53 da tarde  
Blogger AdolfO ReltiH said...

GRAN TEXTO. GRACIAS POR COMPARTIR.
ABRAZOS

5:25 da tarde  
Blogger Maré Viva said...

Belíssimo poema, que ecoa no silêncio sempre tão apetecível e até faz enrugar a água no poço!
Um abraço.

6:05 da tarde  
Blogger Gaby Lirie said...

Que belo de ler!

Abraços!

7:26 da tarde  
Blogger GarçaReal said...


Parar a vida para esquecer um pouco a caminhada

Que belo poema

Boa semana

Bjgrande do Lago

4:25 da tarde  

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