segunda-feira, novembro 01, 2010

RELÍQUIA

Era de minha mãe; é um pobre xale,
que tem p'ra mim uma carícia de asa.
Vou-lhe pedir ainda, que me fale
da que ele agasalhou em nossa casa.

Na sua trama, já puída e lassa,
deixo os meus dedos para senti-la ainda:
e Ela vem, é Ela que me abraça,
fala de coisas que a saudade alinda.

É a minha mãe, mais perto, mais pertinho,
que eu sinto quando toco o velho xale,
que guarda não sei quê do seu carinho;

e, quando a vida mais me dói, no escuro,
sinto, ao tocá-lo, como alguém que embale
e beije a minha sede de amor puro.

António Patrício

7 Comments:

Blogger Unknown said...

É SEMPRE UM PRAZER ENORME PASSAR POR AQUI.

ABRAÇO.

5:51 da tarde  
Blogger Denise said...

Obrigada pela visita. Passarei por aqui sempre, e de propósito!

10:15 da tarde  
Blogger Baila sem peso said...

Uma relíquia este soneto
que diz de sua beleza
que nada é mais puro
que o amor de mãe,
com toda a certeza!

Bonito xaile de carícias
que faz na vida tantas delícias...

Beijito Manuel

4:43 da tarde  
Blogger Maria Ribeiro said...

MANUEL: como faço para seguir-te?
Um blog de poesia do espólio literário português, não se pode perder...DE repente, encontrei-me numa das minhas aulas de PORTUGUÊS...Todos os séculos da nossa LITERATURA, por aí abaixo...? Não, não posso perder-te de vista...
BEIJO DE
Mª ELISA

11:26 da tarde  
Blogger Marina Culubret Alsina said...

me acurruco en los brazos de la Madre Tierra....
:-)

siempre es un gusto visitarte,

saludines otoñales

7:35 da manhã  
Blogger fgiucich said...

Madres inolvidables. Abrazos.

11:10 da manhã  
Blogger Adriana Roos said...

chorei...
abraços

12:01 da manhã  

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