quarta-feira, agosto 09, 2006

ARMA SECRETA


Tenho uma arma secreta
ao serviço das nações.
Não tem carga nem espoleta
mas dispara em linha recta
mais longe que os foguetões.

Não é Júpiter, nem Thor,
nem Snark ou outros que tais.
É coisa muito melhor
que todo o vasto teor
dos Cabos Canaverais.

A potência destinada
às rotações da turbina
não veio de nafta queimada,
nem é de água-oxigenada
nem de ergóis de furalina.

Erecta, na torre erguida,
em alerta permanente,
espera o sinal da partida.
Podia chamar-se VIDA.
Chama-se AMOR, simplesmente.


António Gedeão
N. 24-11-1906 _ F. 19-02-1997

12 Comments:

Blogger Pete said...

A minha arma secreta são as palavras, mas o amor ou a vida também são excelentes escolhas.

Um abraço e bom fim-de-semana,

Pedro Gonçalves.

12:14 da tarde  
Blogger Menina Marota said...

Uma das minhas armas mas, que não é secreta...
António Gedeão, num dos seus poemas mais belos...boa escolha!
Um abraço e grata por esta partilha ;)

12:24 da tarde  
Blogger Poesia Portuguesa said...

Boa escolha de um dos poetas que adoro...
Deixo-te um poema de um outro meu poeta favorito...


O amor quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...

Ah! Mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
P'ra saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...
(Poema de Fernando Pessoa)

Um abraço e fica bem ;)

12:29 da tarde  
Blogger Poesia Portuguesa said...

Voltei aqui para te deixar este, que gosto muito...

"Enquanto houver um homem caído de bruços no passeio
e um sargento que lhe volta o corpo com a ponta do pé
para ver como é;
enquanto o sangue gorgolejar das artérias abertas
e correr pelos interstícios das pedras,
pressuroso e vivo como vermelhas minhocas despertas;
enquanto as crianças de olhos lívidos e redondos como luas,
órfãs de pais e de mães,
andarem acossadas pelas ruas
como matilhas de cães;
enquanto as aves tiverem de interromper o seu canto
com o coraçãozinho débil a saltar-lhes do peito fremente,
num silêncio de espanto.
rasgado pelo grito da sereia estridente;
enquanto o grande pássaro de fogo e alumínio
cobrir o mundo com a sombra escaldante das suas asas
amassando na mesma lama de extermínio
os ossos dos homens e as traves das suas casas;
enquanto tudo isto acontecer, e o mais que se não diz por ser verdade,
enquanto for preciso lutar até ao desespero da agonia,
o poeta escreverá com alcatrão nos muros da cidade:
ABAIXO O MISTÉRIO DA POESIA"

(Poema de António Gedeão)


Abraço ;)

12:46 da tarde  
Blogger Xica said...

Lindo. Acho q é mesmo isso q anda a faltar pelo mundo-amor-porque ódio há por aí aos pontapés.

1:43 da tarde  
Blogger Maria P. said...

Soube bem ler.

3:59 da tarde  
Blogger fgiucich said...

Bellìsimo poema con una gran verdad. Abrazos.

4:53 da tarde  
Blogger Berenice said...

Também ele é a minha arma secreta e insecreta. Façamos todos dele as nossas armas de guerra ao ódio que grassa pelo mundo!

1:05 da manhã  
Blogger Sandra Zapata said...

Hola

Sólo pase a saludar y agradecer tu visita ..siempre son bienvenidos los aportes en mi blog.

Saluds

7:18 da tarde  
Blogger Sandra Zapata said...

Hola
Como estas? Sólo quería saludarte y darte las gracias por tus correos constantes..están muy buenos.
Bonita poesía, saludos

7:24 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

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Anonymous Anónimo said...

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8:40 da manhã  

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