SONETO
Se eu me vira num bosque, onde não desse
Sinal, vestígio humano de habitado,
De verdenegras ramas tão fechado
Que inda ali de dia anoitecesse;
Se então lá de ua balça ao longe houvesse
Gemendo um mocho, e tudo o mais calado;
Só dentre alguns rochedos pendurado,
Com som medonho, um rio ali corresse;
Enfim num lugar tal onde os meus dias
Consumindo-se fossem na certeza
De não tornarem mais as alegrias;
Faminta ainda a triste natureza,
Cercada ali de tantas agonias,
Nem então se fartara de tristeza.
João Xavier de Matos
N. entre 1730 e 1735 - F. em Vila de Frades em 1789
13 Comments:
Muito lindo o soneto, apesar de tão triste, doído mesmo.
Beijos
Olá
então tanta tristeza??
mas porque??
será que deixar-te o meu sorriso te vai alegrar.
:)))))))))
beijoooooooo
A natureza está triste, também não é para menos com todos os atentados que cometem contra ela.
Um Abraço,
Pedro Gonçalves.
Manuel
Por acaso, parei aqui nestes dias. Gostei tanto. Voltei De Propósito.
Bom lugar de passar uns tempos, contemplando. Abraço,
sofrido... mas lindo :)
obrigada pela visita ao meu blog...adorei isse soneto, nao conheço isse autor, pode me falar mas sobre ele?
um grande abraço..
jô
Muitas das mais belas poesias nasceram de momentos de profunda tristeza. Certamente esta é uma delas.
Vida dor, em constante movimento e nós sempre fazendo parte dela.
beijocas
Manuel
Tens muito bom gosto nas escolhas que fazes ena preocupação que tens na escolha de autores menos conhecidos.
Continua...
Um bom fim de semana,
Um abraço amigo,
Dafne
oh! q triste, porém muito lindo, adoro sonetos!
=T
Olá...
Não existe acaso... façamo-nos amigos, e este oceano não passará de um laguinho metido a besta, separando-nos única e exclusivamente por acidente geográfico!
Obrigada pela visita, muito me honra. Vou linkar teu blog ao meu, para te fazer voltar lá!
Sugestão: amo os nossos árcades, e amo também Gonçalves Dias. "Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá/ As aves que agui gorjeiam não gorjeiam como lá..."
Caem lágrimas nestas palavras, e é tão belo de se sentir...
Beijo
Bem....Aqui me tens a agradecer a tua visita ao meu canto e achei piada...será que o meu rio também chefou ao teu bosque? E Outra coincidência engraçada: Vila de Frades é a terrinha onde a minha mãe nasceu( não tenho muitas referências) , terá sido DE PROPÒSITO?
Gostei da escolha cuidada dos teus poemas.Voltarei.:)
Beijos
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