terça-feira, abril 14, 2015

SONETO

Feliz esse mortal que se contenta
Com a herdade dos seus antepassados,
que, livre do tumulto e de cuidados,
Só do pão que semeia se alimenta.

De entre os filhos amados afuguenta
A discórdia cruel; vê dos seus gados,
Sempre gordos, alegres, bem tratados,
Numeroso rebanho que apascenta.

O trono mais dotoso é comparável
Ao brando estado deste, que não sente
De um ceptro de ouro o peso formidável?

O que vive na corte mais contente
Provou nunca um prazer tão agradável
Como o deste pastor pobre, inocente?

Marquesa da Alorna
(1750-1839)

7 Comments:

Blogger tulipa said...


O que vive na corte mais contente
Provou nunca um prazer tão agradável
Como o deste pastor pobre, inocente?

Marquesa da Alorna

Obrigado pela partilha de tão belo poema.

OBRIGADO pelos votos de uma Santa e Feliz Páscoa!
Só hoje agradeço porque estive fora 6 dias
precisava de momentos de renovação
e isso só consigo quando saio daqui... para longe!

Trouxe novas fotos dos lugares que visitei,
se quiser espreitar:

http://momentos-perfeitos.blogspot.pt/

Beijinho Manuel

6:20 p.m.  
Blogger PERSEVERÂNÇA said...

Manual, que alegria ter recebido seu comentário no Perseverança, muito obrigada.
Seja sempre bem vindo com seus comentários, deixe sempre seu link para que outros leitores visitem e se deliciem como eu em suas postagens, e por falar em postagens são maravilhosas, são poemas de uma época em que com certeza os poetas eram valorizados e seus contos lidos e respeitados.
Grande abraço
Nicinha

5:51 p.m.  
Blogger Graça Pires said...

A Marquesa da Alorna era uma mulher muito sensível. Vê-se pelo que ela escreveu mas também pelo que pintou.
Beijo.

8:06 p.m.  
Blogger gota de vidro said...


Belíssima partilha, pois este poema é de muita profundidade e um alerta para as discrepâncias sociais.

Gostei

Bom domingo

Beijinhos da Gota

12:00 p.m.  
Blogger Maria Rodrigues said...

Excelente escolha.
Beijinhos
Maria

10:24 p.m.  
Blogger Graça Sampaio said...

Mais tarde Pessoa há de contrariar D. Leonor de Almeida com:

«Triste de quem vive em casa,
Contente com o seu lar,
Sem que um sonho, no erguer de asa,
Faça até mais rubra a brasa
Da lareira a abandonar!»

Beijinhos poéticos...

10:00 p.m.  
Blogger sonia a. mascaro said...

Belo poema.
Tocante esta frase: "De entre os filhos amados afuguenta A discórdia cruel".
Abraços.

4:24 p.m.  

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