sexta-feira, abril 03, 2015

EDUARDO WHITE

          No pensamento quardamos o íntimo ofício de observar. O coração bombeia, os pulmões respiram, trabalha o sangue para criar toda essa grande alquimia. As cores nas pupilas, as formas sob os dedos, os leves, os acidulados, os delicados perfumes que se inspira e também a música que de tão quieta se pode ouvi-la e o amor na língua, e o amor, tremente e fulminado  que fala e cria, e no fundo, ainda, toda a magnânima magia que é pensar.
    
          Olho uma pedra. E penso.
          Na dura estrutura de pedra
          uma funda bradeja de ironia. Espera.
          Anseia paciente aquele corpo deitado na sua bacia,
          concebe o arremesso,
          o movimento que mesmo parada
          a pedra anuncia.
         
          Toca-a. Podes vê-la e pô-la na mão.
          Não a armes para que fira.
         Uma pedra não merece essa bélica intenção.
          Levanta-a como um dardo
          para que veja a distância que a extasia,
          o seu porto terrestre.
          Depois atira-a,
          dá-lhe a virtude de crescer para outros lugares,
          a sua paixão celeste, a sua vocação para cantar,
          deixa a pedra correr na sua alegria,
          na sua comprovada dureza.
          
          Repara.
          A pedra vai alta,
          gargalha pelos espaços,
          respira, turbilha,
          e sentirás que antes mesmo de tocar o chão
          a pedra agradece-te
          sendo tu que voaste.
          
                                      Eduardo White

15 Comments:

Blogger Marina-Emer said...

gracias por su visita ...ha sido un plcer recibirle Saludos
Marina

9:26 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

(^‿^)✿

Bonjour et MERCI Manuel pour cette belle publication !!!
SUPERBE !

GROS BISOUS d'Asie jusqu'à toi
Bonnes fêtes de Pâques

1:25 da tarde  
Blogger CÉU said...

Deambulando por aqui, para ler textos maravilhosos. E o que pode ou não pode uma pedra fazer...!!!
Ai, quero para o si, uma santa e redentora Páscoa.

1:55 da tarde  
Blogger CÉU said...

Pois, Manuel, não vai ser possível.

Renovo votos de Páscoa feliz.

4:40 da tarde  
Blogger ✿France✿ said...

JE viens te dire bonsoir et je vais devoir chercher la traduction tu le sais bien et ensuite je repasserai
bonne soirée

5:11 da tarde  
Blogger Marina-Emer said...

Gracias amigo ...no entiendo tu idioma ...
un abrazo
Marina

8:47 da tarde  
Blogger GarçaReal said...


Belíssima postagem.

Agradeço e retribuo os votos de Feliz Páscoa.

Bjgrande do Lago

12:16 da manhã  
Blogger Olinda Melo said...


Um belo texto. Gostei muito.
Uma boa Páscoa para si e para todos os seus.

Abraço

Olinda

12:13 da tarde  
Blogger Graça Pires said...

Um poema fantástico de quem tem a "magia de pensar". Sabemos que as pedras têm alma pelo som ansioso de nossos passos.
Um beijo, Amigo e boa Páscoa.

7:10 da tarde  
Blogger AdolfO ReltiH said...

UN TEXTO MAGNÍFICO!!!!GRACIAS POR COMPARTIRLO.
UN ABRAZO

11:08 da tarde  
Blogger Daniel C.da Silva said...

uma Santa Páscoa na certeza de que precisamos de ressuscitar na alegria, na esperança e no amor, todos os dias.

10:57 da manhã  
Blogger Franziska said...

Me ha gustado toda la descripción y aquello que nos cuenta el poema, verso a verso, aunque de un modo especial estos son los que más he podido asimilar:

Toca-a. Podes vê-la e pô-la na mão.
Não a armes para que fira.
Uma pedra não merece essa bélica intenção.
Levanta-a como um dardo
para que veja a distância que a extasia,
o seu porto terrestre.
Depois atira-a,
dá-lhe a virtude de crescer para outros lugares,
a sua paixão celeste, a sua vocação para cantar,
deixa a pedra correr na sua alegria,
na sua comprovada dureza.

9:45 da tarde  
Blogger Delfim Peixoto said...

Um texto cheio de aroma da alma e sentidos, pensando o autor muito bem.
Gostei.
Abraço

4:22 da manhã  
Blogger ✿France✿ said...

Je viens te dire bonjour et j'espère que toi aussi tu as du soleil
bonne journée

1:42 da tarde  
Blogger regato said...

Que "pedrada" poética, sr. Manuel !

10:47 da tarde  

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