sábado, novembro 01, 2014

A TERRA

                    Fecundarás a terra com o suor do teu rosto.
                                                                GENESIS,
     
Cavai, eternamente, a velha terra !
Sofrei, suai, gemei, na dura enxada,
Fecundai-a na paz, ou pela guerra,
Quer seja pelo arado, ou pela espada.
      Ò Homem !  trabalhar é tua herança,
      Até que a morte, enfim grite: _descansa !
     
É a árvore a tua companheira,
O lar, a tenda, a sombra de teus passos,
Da tua amante a perfumada esteira,
Como bençãos, t'estende os longos braços.
      E ou seja em teu inverno ou teu estio,
      É teu berço, teu leito, e teu navio !
     
É preciso que as lágrimas que correm
Façam crescer dos cardos os trigais,
E por cima dos corpos dos que morrem
Se ergam verdes loureiros triunfais.
      É preciso que em paz, ou pela guerra,
      Com pranto ou sangue, se fecunde a terra !
     
É preciso cavá-la !  _Nos teus braços
Luza a enxada, ou o gládio dos destroços.
A vida é curta, e breves nossos passos
E as flores vivem, crescem sobre os ossos.
      O berço, não é mais, ó criatura !
      Que a linha d'união, à sepultura.
     
É preciso que a morte, a dor, os lutos
Se transformem em vinhas ostentosas,
Nossos prantos convertam-se nos frutos,
Do sangue dos heróis tinjam-se as rosas.
      Sofrei, lutai, morrei, ò infelizes !
      __O vosso sangue é útil às raízes.
      
               António Duarte GOMES LEAL           
 

5 Comments:

Blogger noelle said...

Manuel
Merci pour ton passage

6:25 da tarde  
Blogger redonda said...

Não conhecia. Gostei, obrigada.
um beijinho e um bom Domingo
Gábi

8:01 da tarde  
Blogger H said...

Tan real y tan cercano a la vida.

11:44 da tarde  
Blogger Elvira Carvalho said...

Não conhecia este poema.
Obrigada pela partilha.
Um abraço e resto de bom Domingo.

12:55 da tarde  
Blogger Graça Pires said...

Gomes Leal anda tão esquecido. Este poema é soberbo! Obrigada por lembrá-lo aqui.
Abraço.

2:43 da tarde  

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