terça-feira, agosto 05, 2014

NESTA PRIMAVERA OS PÁSSAROS

Lento é o passar veloz de todos os veículos
Rumor que se me confunde às ondas
Vai sobre o cais o meu olhar que só ouvindo
Se enclausura neste poço que lá em baixo ouço
    
Sei que não morreram todos os pássaros ainda
São pássaros que ouço lá em baixo na cidade que passa
Delicadamente as pombas interpõem seu ritmo
E não sei mais senão dum coração que bate
     
Eu sei como o bater das asas só longe é livre
Mas neste poço a cidade o repete frágil
Somos corações contudo vivos e percutindo
Um pulsar manso e imerso nesta margem
    
Uma galera é ave ou rio ou nobre ritmo
Passando anódina neste azul só pálido
Que silentes as manhãs álacres também já vividas
Mas a cidade me apela e assim frágil a amo
     
Quero pensar em pássaros e nos seus ramos de árvores
Na hora vesperal em que se acolhem e é tranquila
Mas só tenho esta manhã e a cidade em meu olhar
Compõe igual seu canto neste poço um pouco triste
    
Não sou viúva de cantos de aves por outras manhãs
Em que a primavera pintava para mim azuis céus antigos
Mas a cidade palpita com um rumos também de asa
E a beleza sobe a este poço como a pomba com leve fremir
    
Falei da cidade mas não contei da cidade
Disse antes que ela tinha um leve coração de bater triste
Talvez um Deus tanbém triste a toque e a envolva em paz
Mas a cidade é frágil neste poço subindo múrmura do cais do rio.
    
     Maria Aliete Galhoz

8 Comments:

Blogger Graça Pires said...

"A cidade é o epicentro de uma confidência partilhada por quem sabe manipular o silêncio"...
Lembrei-me deste verso a propósito deste belo poema que usa a cidade como pretexto para falar das aves e seus voos com todo o significado que possam ter.
"Não sou viúva de cantos de aves por outras manhãs
Em que a primavera pintava para mim azuis céus antigos
Mas a cidade palpita com um rumos também de asa" Lindíssimo!

11:16 da manhã  
Blogger Cadinho RoCo said...

Das asas do coração o manifestar de pássaros imaginados pelo amor.
Cadinho RoCo

2:31 da tarde  
Blogger Kalinka said...

Obrigado pela visita e comentário deixado, Manuel.

Faça fotografia como sabe, como sente e como gosta - isso é o principal, acredite!

Sempre fiz como sei, como sinto e como gosto - é o melhor...
Cada um sente de forma diferente.

Já me desafiaram para fazer vários workshops de fotografia e...nunca fiz nenhum...não tenho paciência para estar ali a fazer como os "outros entendem que devo fazer", eu faço à minha maneira.

Já agora dê um saltinho
ao meu outro blog
e delicie-se com outro
género de fotografia:
http://momentos-perfeitos.blogspot.pt/

Beijinho da Tulipa

8:16 da tarde  
Blogger Kalinka said...


Manuel

gosto de poemas sobre
Pássaros
Ondas - Mar
Olhar
Pombas

Gostei especialmente
deste verso:
...Eu sei como o bater das asas só longe é livre...

beijinho meu (Tulipa)

8:20 da tarde  
Blogger Andrea Liette said...

Poema lindo, de sensibilidade profunda e uma sonoridade ritmica encantadora, como "um leve coração de bater triste".

Grata, um beijo.

10:09 da tarde  
Blogger Olinda Melo said...


Lindo poema. Uma cidade que encontra a sua redenção no esvoaçar dos pássaros...

Abraço

Olinda

11:43 da tarde  
Blogger Tesa Medina said...

Siento el murmullo del río, el rumor de los coches y las aves de paso.

Un bello poema, Manuel, que nos habla de la nostalgia de esa ciudad que amamos. De una mañana cualquiera cuando se despierta poco a poco.

En este verano de Madrid, ni los pájaros tienen ánimo para volar.

Un beso,

12:03 da manhã  
Blogger poeta_silente said...

Olá!
Como estás?
Eu estou bem, graças a Deus. Só que não apareço pelos blogs. Mas, qdo recebo alguma comunicação de comentários neles, eu venho por aqui.
Deus te abençoe!
Abraços

2:12 da manhã  

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