NESTA PRIMAVERA OS PÁSSAROS
Lento é o passar veloz de todos os
veículos
Rumor que se me confunde às
ondas
Vai sobre o cais o meu olhar que só
ouvindo
Se enclausura neste poço que lá em baixo
ouço
Sei que não morreram todos os pássaros
ainda
São pássaros que ouço lá em baixo na cidade
que passa
Delicadamente as pombas interpõem seu
ritmo
E não sei mais senão dum coração que
bate
Eu sei como o bater das asas só longe é
livre
Mas neste poço a cidade o repete
frágil
Somos corações contudo vivos e
percutindo
Um pulsar manso e imerso nesta
margem
Uma galera é ave ou rio ou nobre
ritmo
Passando anódina neste azul só
pálido
Que silentes as manhãs álacres também já
vividas
Mas a cidade me apela e assim frágil a
amo
Quero pensar em pássaros e nos seus ramos de
árvores
Na hora vesperal em que se acolhem e é
tranquila
Mas só tenho esta manhã e a cidade em meu
olhar
Compõe igual seu canto neste poço um pouco
triste
Não sou viúva de cantos de aves por outras
manhãs
Em que a primavera pintava para mim azuis céus
antigos
Mas a cidade palpita com um rumos também de
asa
E a beleza sobe a este poço como a pomba com
leve fremir
Falei da cidade mas não contei da
cidade
Disse antes que ela tinha um leve coração de
bater triste
Talvez um Deus tanbém triste a toque e a
envolva em paz
Mas a cidade é frágil neste poço subindo
múrmura do cais do rio.
Maria Aliete
Galhoz
8 Comments:
"A cidade é o epicentro de uma confidência partilhada por quem sabe manipular o silêncio"...
Lembrei-me deste verso a propósito deste belo poema que usa a cidade como pretexto para falar das aves e seus voos com todo o significado que possam ter.
"Não sou viúva de cantos de aves por outras manhãs
Em que a primavera pintava para mim azuis céus antigos
Mas a cidade palpita com um rumos também de asa" Lindíssimo!
Das asas do coração o manifestar de pássaros imaginados pelo amor.
Cadinho RoCo
Obrigado pela visita e comentário deixado, Manuel.
Faça fotografia como sabe, como sente e como gosta - isso é o principal, acredite!
Sempre fiz como sei, como sinto e como gosto - é o melhor...
Cada um sente de forma diferente.
Já me desafiaram para fazer vários workshops de fotografia e...nunca fiz nenhum...não tenho paciência para estar ali a fazer como os "outros entendem que devo fazer", eu faço à minha maneira.
Já agora dê um saltinho
ao meu outro blog
e delicie-se com outro
género de fotografia:
http://momentos-perfeitos.blogspot.pt/
Beijinho da Tulipa
Manuel
gosto de poemas sobre
Pássaros
Ondas - Mar
Olhar
Pombas
Gostei especialmente
deste verso:
...Eu sei como o bater das asas só longe é livre...
beijinho meu (Tulipa)
Poema lindo, de sensibilidade profunda e uma sonoridade ritmica encantadora, como "um leve coração de bater triste".
Grata, um beijo.
Lindo poema. Uma cidade que encontra a sua redenção no esvoaçar dos pássaros...
Abraço
Olinda
Siento el murmullo del río, el rumor de los coches y las aves de paso.
Un bello poema, Manuel, que nos habla de la nostalgia de esa ciudad que amamos. De una mañana cualquiera cuando se despierta poco a poco.
En este verano de Madrid, ni los pájaros tienen ánimo para volar.
Un beso,
Olá!
Como estás?
Eu estou bem, graças a Deus. Só que não apareço pelos blogs. Mas, qdo recebo alguma comunicação de comentários neles, eu venho por aqui.
Deus te abençoe!
Abraços
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