ESTE RIO DE VERÃO
Este rio de verão, esta paz, este
rio,
A tristeza de ser quem em mim não
conheço,
Este alheio seguir sobre o gume do
fio,
Este alheio acordar sob o molde de
gesso.
Esta vã solução de dizer
«obrigada|»
Ao que passa e não vê, ao que volta e não
vem,
Este dedo de Deus que se aponta à
errada
Lucidez da mulher que de mim é
ninguém.
Como drama que espera o chegar do
Actor
E de gritos, no Ar, enche a tarde de
dó,
Eu me espero, me espero, entre o Amor e o
Terror.
Sobe o pano. E o deserto é de mosto e
sol-posto
E onde estou é no sangue. E onde vou é no
pé.
Natercia Freire
5 Comments:
Vim retribuir a visita e fiquei a ler. Gostei.
um beijinho
Gábi
Obrigada pela visita. Gostei do que li e voltarei.
Há sempre algo em nós que desconhecemos e que nos impulsiona a tomar certas atitudes e seguir caminhos que nem imaginamos.
Daí haver sempre no nosso íntimo aquela espera do desconhecido que acontecerá a qualquer momento.
Muito bom
Bjgrande do Lago
Todas nós nos reconhecemos um pouco na poesia de Natércia Freire, nesta " A tristeza de ser quem em mim não conheço"... Obrigada pela partilha.
Abraço.
Meu amigo
Um poema muito profundo. Adorei ler, mesmo sem conhecer a poetisa.
Deixo um beijinho e agradeço as palavras de apoio e carinho que me adoçaram o coração e me ajudaram a voltar.
Sonhadora
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