A MINHA CASA
CAIEI de branco a casa que não tenho.
Para iss, primeiro, pedra a pedra,
idéia a idéia, tive de edificá-la,
aqui deixando livre uma ampla janela,
e além, cerrandas, paredes para os livros.
Em arcas guardaria as roupas lhanas,
que por outras trocaria, quando velhas,
e no quarto de cama abobadado
repousaria à noite e amaria,
se não me apetecesse dormir antes na relva,
ao som à porfia dos rouxinóis e dos grilos.
Estaria sempre posta a minha mesa,
e quem aparecesse e fosse amigo
à vontade nela comeria
e beberia à vontade do que houvesse,
febras, enchidos, azeitonas,
saladas, pão trigueiro,
farta e sortida fruta,
e desde os vinhos leves, ou encorpados,
às várias aguardentes, fortes e perfumadas.
Tudo isto fiz, tudo isto quis
eu fazer num andar modesto de aluguer,
na cidade confusa,
tumultuosa e hostil.
Assim falhei o meu fado,
dia a dia igual, ao contrário de mim,
desenfadado e alegre,
por qualquer insignificância enternecido,
mas logo por uma ínfima injustiça
revoltado e raivoso.
Armindo Rodrigues
Para iss, primeiro, pedra a pedra,
idéia a idéia, tive de edificá-la,
aqui deixando livre uma ampla janela,
e além, cerrandas, paredes para os livros.
Em arcas guardaria as roupas lhanas,
que por outras trocaria, quando velhas,
e no quarto de cama abobadado
repousaria à noite e amaria,
se não me apetecesse dormir antes na relva,
ao som à porfia dos rouxinóis e dos grilos.
Estaria sempre posta a minha mesa,
e quem aparecesse e fosse amigo
à vontade nela comeria
e beberia à vontade do que houvesse,
febras, enchidos, azeitonas,
saladas, pão trigueiro,
farta e sortida fruta,
e desde os vinhos leves, ou encorpados,
às várias aguardentes, fortes e perfumadas.
Tudo isto fiz, tudo isto quis
eu fazer num andar modesto de aluguer,
na cidade confusa,
tumultuosa e hostil.
Assim falhei o meu fado,
dia a dia igual, ao contrário de mim,
desenfadado e alegre,
por qualquer insignificância enternecido,
mas logo por uma ínfima injustiça
revoltado e raivoso.
Armindo Rodrigues
7 Comments:
Meu amigo
Hoje passando para desejar uma Feliz Páscoa , plena de amor e paz, junto de todos que te são queridos.
Um beijinho com carinho
Sonhadora
Chegamos à Páscoa,
e eu continuo só, triste e desamparada
...
as dores da alma dilaceram
o meu coração
quem sabe está perto
a partida deste mundo!
N'Os meus pensamentos
"quase"
me despeço da vida.
A Páscoa morreu
e, como ela
muitos irão morrer.
De qualquer modo, desejo,
num grande abraço,
uma Páscoa de esperança
junto aos seus.
OBRIGADA por fazer parte da minha vida virtual
ando muito afastada
mas lembro-me sempre de quem me fez bem, acredite.
"num andar modesto de aluguer,
na cidade confusa" caiar de branco a casa que não tem e enchê-la com tanta coisa apetecida... Uma ideia muito interessante neste poema.
Abraço.
Um belíssimo poema. Obrigada pela partilha.
Um abraço
Je viens te dire bonsoir et j'espère que tu vas bien et que chez toi le soleil a brillé
bise
Meu amigo
Passando agora para ler este belo poema, não conheço o autor, mas adorei ler.
Um beijinho com carinho
Sonhadora
Uma casa acolhedora e sempre em construção, na certa.
beijinhos
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