terça-feira, novembro 17, 2009

SONETO DA HORA FINAL

Será assim, amiga: um certo dia
Estando nós a completar o poente
Sentiremos no rosto de repente
O beijo leve de uma aragem fria.

Tu me olharás silenciosamente
Eu te olharei também, com nostalgia
E partiremos, tontos de poesia
Para a porta de treva aberta em frente.

Ao transpor as fronteiras do Segredo
Eu, calmo, te direi: _Não tenhas medo
E tu, tranquila, me dirás: _Sê forte.

E como dois antigos namorados
Noturnamente tristes e enlaçados
Nós entraremos no jardim da morte.

Vinicius de Moraes

4 Comments:

Blogger Madalena said...

uii.. forte.

beijinho***

12:23 da manhã  
Blogger margusta said...

Maravilhoso este soneto de Vinicius, que confesso envergonhada que não conhecia.

E como o sinto meu...o soneto...

Feliz dia,
Margusta

2:44 da tarde  
Blogger © Piedade Araújo Sol (Pity) said...

nao sei lidar muito com a morte, embora seja a coisa mais certa que existe.

o poema do vinicus é forte, não o conhecia.

deixo um beij

e a felicidade por aí..

12:16 da tarde  
Blogger Marina said...

Excelente soneto. Saludos!

2:55 da tarde  

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