segunda-feira, maio 16, 2016

CANÇÃO VERDE

A minha canção é verde
Sempre de verde a cantei!
De verde cantei ao povo
E fui de verde vestido
Cantar à mesa do Rei!
     
Porque foi verde o meu canto?
Porque foi verde?
                 __Não sei ...
     
Verde, verde, verde, verde,
Verde, verde, em vão cantei!
__Lindo moço! disse o Povo.
__Verde moço! disse El-rei.
     
Porque me chamaram verde?
Porque foi? Porquê?
            __Não sei ... 
     
Tive um amor __ Triste sina!
Amar é perder alguém ...
Desde então ficou mais verde
Tudo em mim: a voz, o olhar,
Cada passo, cada beijo ...
E o meu coração também!
     
Coração! porque és tão verde?
Porque és verde assim também?
     
Deu-me a vida, além do luto,
Amor à margem da lei ...
Amigos são inimigos!
__Paga-me! gritaram todos.
Só eu de verde fiquei.
     
Porque fiquei eu de verde?
Porque foi isto?
                __Não sei ...
     
A minha canção é verde
__Canção à margem da lei ...
Verde, ingénua, verde e moça,
Como a voz desta canção
Que, por meu mal vos cantei ...
     
A minha canção é verde,
Verde, verde, verde, verde ...
Mas ... porque é verde?
                  __Não sei ...
     
            Pedro Homem de Melo  

11 Comments:

Blogger Graça Pires said...

Pedro Homem de Melo é um excelente poeta que já vai ficando esquecido. Esta "Canção verde", cheia de ritmo e musicalidade é muito bela.
Beijo.

12:49 da tarde  
Blogger Ana said...

Porque é verde não sei, eu cá prefiro mais o vermelho ehehe.
Bom resto de semana :)

9:44 da tarde  
Blogger AC said...

O poeta, em voz discreta mas sublime, mais não disse que a pureza de ser é, na maioria das vezes, escorraçada. Um mundo verde, de esperança, dificilmente tem entrada num mundo cinzento. Os guardiões estão atentos.

Abraço

8:55 da tarde  
Blogger CÉU said...

Um poema grandioso, k deu origem a um belo fado.
Boa semana, com esperança e amor, sobretudo.

10:29 da tarde  
Blogger Siboney said...

Sobre Verde:

Que din os rumorosos
Na costa verdecente,
Ó rayo trasparente,
Do prácido luar...?
Que din as altas copas
D'escuro arume arpado,
Co seu ben compasado,
Monótono fungar...?
Do teu verdor cingido,
É de benígnos astros,
Confin dos verdes castros,
E valeroso clán,
Non dés a esquecemento,
Da injuria o rudo encono;
Despérta do teu sono,
Fogar de Breogán.

E.Pondal

Verde que te quiero verde.
Verde viento. Verdes ramas.
El barco sobre la mar
y el caballo en la montaña.
Con la sombra en la cintura
ella sueña en su baranda,
verde carne, pelo verde,
con ojos de fría plata.
Verde que te quiero verde.
Bajo la luna gitana,
las cosas le están mirando
y ella no puede mirarlas.

F. García Lorca

;)

10:51 da manhã  
Blogger Sara com Cafe said...

Que linda!

2:48 da tarde  
Blogger tulipa said...


OLÁ MANUEL

Ainda não tinha aqui passado para me deliciar com Pedro Homem de Melo - excelente poeta!

Obrigado pela partilha.

Prémio "Dardos" - Recebi o Prémio "Dardos" de uma amiga e nomeei alguns amigos dos blogues, no entanto parece-me que ninguém deu pelo meu post onde vos nomeio,
lógico que fico triste por não haver feedback ...

Na minha selecção de nomeados está:
http://de-proposito.blogspot.pt/

será que viu?

Aqui admito que tenho andado afastada dos blogues.
Há períodos nas nossas vidas que nos deixam assim,
nem sei como os apelidar.
Desmotivação, será?

O que é certo é que já nada publicava neste meu blog: ORIENTEvsOcidente"
desde Janeiro de 2015 - há 16 meses - muito tempo mesmo.

Só que ontem, meramente por acaso fui procurar uns artigos
e dei conta que era o seu 4º aniversário e pensei:

Não posso deixar passar esta data sem fazer uma referência e decidi fazer um novo post.

Para ver o meu post é neste link:
http://orientevsocidente.blogspot.pt/

Aguardo por si, Amigo!

Beijinho
Bom fim de semana.

1:23 da tarde  
Blogger MEU DOCE AMOR said...

Olá:

Porquê verde?

Esperança? Um teste à Fé?

Beijinho doce:)

9:52 da tarde  
Blogger Sara com Cafe said...

lindo final de semana.

abraço.

12:24 da manhã  
Blogger A Casa Madeira said...

Já me apeguei no verde como esse poema;
Bom começo de junho que se aproxima.
janicce.

9:04 da tarde  
Blogger Parapeito said...

Pedro Homem de Melo, tao pouco falado.
Excelente este poema
Grata pela partilha.
Brisas doces *

8:17 da manhã  

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