JORGE DE SENA
JORGE DE SENA
ao Manuel Poppe
Eis-te no porto em que o desejo cessa.
Viveste pouco e no entanto tanto!
O exílio sofre-se só se é promessa
De novo e revisitado canto.
A distância isola. A coragem cansa.
O trabalho, ó teu único repouso!
Há na tua força a ternura mansa
Dos gigantes. Mas como ter o gozo,
A inocência nua de viver-se
Na pátria antiga e fácil da amargura,
Se não há nela espaço p'ra morrer-se
E o nosso canto lá se desfigura?
Eugénio Lisboa
Londres, Fev. 1979
ao Manuel Poppe
Eis-te no porto em que o desejo cessa.
Viveste pouco e no entanto tanto!
O exílio sofre-se só se é promessa
De novo e revisitado canto.
A distância isola. A coragem cansa.
O trabalho, ó teu único repouso!
Há na tua força a ternura mansa
Dos gigantes. Mas como ter o gozo,
A inocência nua de viver-se
Na pátria antiga e fácil da amargura,
Se não há nela espaço p'ra morrer-se
E o nosso canto lá se desfigura?
Eugénio Lisboa
Londres, Fev. 1979
3 Comments:
lindoo
Muito bonito! Cheio de alma e sentimento.
Palavras cheias de actualidade... onde nesta pátria não há ainda espaço para morrer-se... com tantos portugueses forçados a emigrar...
Adorei o poema!
Abraço!
Ana
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