NA ERMIDA
_«Senhora, ouve o meu brado, escuta o meu
lamento
E salva o meu marido, o pai dos meus filhinhos
!»
Responde sibilante o assoviar do
vento,
E das ondas o choque, em fundos
torvelinhos.
_«Senhora do Refúgio, ó mãe do
Livramento,
Traz-nos o nosso pão, dá-nos os seus carinhos
!»
Responde da gaivota o guinchar
agoirento
Soam na lagem fria uns passos
miudinhos...
Há três dias que reza e a mesma raiva
expele
A voz do temporal. E a onda
embravecida
Salpica irreverente a negra cruz da
Ermida.
E a criança que chega, a face
descomposta,
Diz-lhe a chorar: «Ó mãe não rezes mais por
ele
Que o mar vem de lançá-lo agora mesmo à
costa».
João Correia
Ribeiro
6 Comments:
Beautiful poem♥
Nostalgico e belo poema.
Rezamos quando as tempestades da vida se abatem sobre nós, mas nem sempre as nossas preces são ouvidas.
Um abraço
Maria
Lindo e poderoso! bjs
http://cocojeans.blogspot.pt
Olá:
O mar leva, o mar traz...
beijinho doce:)
Infelizmente continua a ser uma constante hoje em dia :(
Um poema maravilhosamente triste. Gostei muito pelo realismo e pelo sentimento.
Beijos.
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