domingo, junho 23, 2013

FORMOSO TEJO

Formoso Tejo meu, quão diferente,
Te vejo e vi, me vês agora e viste:
Turvo te vejo a ti, tu a mim triste,
Claro te vi eu já, tu a mim contente.

A ti, foi-te trocando a grossa enchente
A quem teu largo campo não resiste;
A mim trocou-me a vista em que consiste
O meu viver contente ou descontente.

Já que somos no mal participantes
Sejamo-lo no bem. Ó quem me dera
Que fôssemos em tudo semelhantes!

Lá virá então a fresca primavera,
Tu tornarás a ser quem eras dantes:
Eu não sei se serei quem dantes era!

Francisco Rodrigues Lobo

3 Comments:

Blogger vida entre margens said...

Um belo soneto de apelo e esperança...desencantado o poeta continua a acreditar!!

Acreditemos pois!!!

Abraço!

10:13 da tarde  
Blogger Mel de Carvalho said...

é o Tejo que nos embala, que nos ilumina, a nós, que vivemos e madrugamos vivos nas suas margens...


mas a verdade é que ambos, o Tejo e nós, somos mutáveis a cada nanodécimo de segundo.

gostei de aqui estar. obrigada
Mel

7:28 da tarde  
Blogger Parapeito said...

Que não morra a vontade de acreditar.
Abraço*

7:48 da manhã  

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