AS PALAVRAS
São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
Eugénio de Andrade
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
Eugénio de Andrade
12 Comments:
É amigo As palavras são algo raro. Com elas se desencadeia todo o tipo de sentimentos.
Um abraço
Nem todo o Ser Humano tem esperança, chega sempre uma altura que ela se perde.
Claro que sim. :)
O poder das palavras aterra e maravilha.Algumas dilaceram, outras empolgam-nos e outras ainda são ternas, acolhedoras, um bálsamo para quem as ouve.
Este é um dos poemas que mais leio de Eugénio de Andrade. E muitas vezes serve-me de ponto de partida para uns momentos de meditação.
Bem-hajas, amigo!
Beijinhos
Tudo de bom por aí.
El verbo contiene el poder...
A boca das palavras.
Beijam-nos, escrevia O'Neill.
Boa semana!
Eugénio!
Sempre!
boa escolha.
um beij
Benditas sean las palabras!!! Abrazos.
São difíceis as palavras,
nem sempre espadas,
nem sempre flores,
entrelaçadas são poesia,
disparadas são armas,
tristeza e melancolia.
Ás vezes amor, às vezes inferno,
vêm do fundo da alma,
explícitas ou veladas,
ressoam tristemente bêbadas,
às vezes verão, às vezes inverno.
Penetram clandestinas na alma,
como bordados feito à mão,
fogem quando mais se precisa,
São reais ou mera ilusão.
Palavras de amor não ditas,
são silenciosas reticências,
fugazes e sorrateiras,
levam poemas nas asas, mas
adormecem escondidas na mão...
Sônia Schmorantz
Obrigada pela visita, volte sempre.
Um abraço
Para Eugénio não havia mistério em palavra nenhuma. Para Eugénio a palavra andava sempre nua.
L.B.
Gosto muito de Eugénio de Andrade.
As palavras são maravilhosas mas é preciso saber escolhe-las e dize-las no momento certo!! O poder das palavras é único!! No entanto se as escolhermos mal podemos ser alvo de chacota,é preciso ter cuidado com as palavras que dizemos. Adorei ler este poema de palavrinhas!! Beijinhos fofinhos,fica bem!!
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