terça-feira, julho 12, 2011

AS PALAVRAS

São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?


Eugénio de Andrade

12 Comments:

Blogger Elvira Carvalho said...

É amigo As palavras são algo raro. Com elas se desencadeia todo o tipo de sentimentos.
Um abraço

7:01 da tarde  
Blogger Cláudia M. said...

Nem todo o Ser Humano tem esperança, chega sempre uma altura que ela se perde.

11:02 da tarde  
Blogger Gilda Maria said...

Claro que sim. :)

11:10 da tarde  
Blogger Isamar said...

O poder das palavras aterra e maravilha.Algumas dilaceram, outras empolgam-nos e outras ainda são ternas, acolhedoras, um bálsamo para quem as ouve.
Este é um dos poemas que mais leio de Eugénio de Andrade. E muitas vezes serve-me de ponto de partida para uns momentos de meditação.

Bem-hajas, amigo!

Beijinhos

Tudo de bom por aí.

4:41 da tarde  
Blogger Blog de alma said...

El verbo contiene el poder...

11:11 da tarde  
Blogger Blogadinha said...

A boca das palavras.
Beijam-nos, escrevia O'Neill.

Boa semana!

3:02 da tarde  
Blogger © Piedade Araújo Sol (Pity) said...

Eugénio!
Sempre!
boa escolha.
um beij

2:47 da tarde  
Blogger fgiucich said...

Benditas sean las palabras!!! Abrazos.

2:15 da tarde  
Blogger Sonia Schmorantz said...

São difíceis as palavras,
nem sempre espadas,
nem sempre flores,
entrelaçadas são poesia,
disparadas são armas,
tristeza e melancolia.
Ás vezes amor, às vezes inferno,
vêm do fundo da alma,
explícitas ou veladas,
ressoam tristemente bêbadas,
às vezes verão, às vezes inverno.
Penetram clandestinas na alma,
como bordados feito à mão,
fogem quando mais se precisa,
São reais ou mera ilusão.
Palavras de amor não ditas,
são silenciosas reticências,
fugazes e sorrateiras,
levam poemas nas asas, mas
adormecem escondidas na mão...

Sônia Schmorantz

Obrigada pela visita, volte sempre.
Um abraço

11:28 da tarde  
Blogger Lídia Borges said...

Para Eugénio não havia mistério em palavra nenhuma. Para Eugénio a palavra andava sempre nua.

L.B.

10:36 da tarde  
Blogger Filoxera said...

Gosto muito de Eugénio de Andrade.

12:27 da manhã  
Blogger sandrafofinha said...

As palavras são maravilhosas mas é preciso saber escolhe-las e dize-las no momento certo!! O poder das palavras é único!! No entanto se as escolhermos mal podemos ser alvo de chacota,é preciso ter cuidado com as palavras que dizemos. Adorei ler este poema de palavrinhas!! Beijinhos fofinhos,fica bem!!

7:12 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home