PROCURO-TE
Procuro a ternura súbita,
os olhos como um sol por nascer
do tamanha do mundo,
o sangue que nenhuma espada viu,
o ar onde a respiração é doce,
um pássar no bosque
com a forma de um grito de alegria. (...)
Um pássaro e um navio são a mesma coisa
quando te procuro de rosto cravado na luz.
Eu sei que há diferenças,
mas não quando se ama,
não quando se aperta contra o peito
uma flor ávida de orvalho.
Ter só dedos e dentes é muito triste:
dedos para amortalhar crianças,
dentes para roer a solidão,
enquanto o verão pinta de azul o céu
e o mar é devastado pelas estrelas.
Porém eu procuro-te.
Antes que a morte se aproxime, procuro-te.
Nas ruas, nos barcos, na cama,
com amor, com ódio, ao sol, à chuva,
de noite, de dia, triste, alegre _ procuro-te !
Eugénio de Andrade
os olhos como um sol por nascer
do tamanha do mundo,
o sangue que nenhuma espada viu,
o ar onde a respiração é doce,
um pássar no bosque
com a forma de um grito de alegria. (...)
Um pássaro e um navio são a mesma coisa
quando te procuro de rosto cravado na luz.
Eu sei que há diferenças,
mas não quando se ama,
não quando se aperta contra o peito
uma flor ávida de orvalho.
Ter só dedos e dentes é muito triste:
dedos para amortalhar crianças,
dentes para roer a solidão,
enquanto o verão pinta de azul o céu
e o mar é devastado pelas estrelas.
Porém eu procuro-te.
Antes que a morte se aproxime, procuro-te.
Nas ruas, nos barcos, na cama,
com amor, com ódio, ao sol, à chuva,
de noite, de dia, triste, alegre _ procuro-te !
Eugénio de Andrade
6 Comments:
Ternura súbita...qué bonito encontratla, sentirla
Sempre soberbos os poemas de Eugénio de Andrade! Lindo, lindo!
Um beijinho Manuel
Anna
Gosto tanto de Eugénio de Andrade.Um abraço e uma boa semana
Bom era se esse ser procurado fosse encontrado. Quantos não o são? :)
Fica bem. *
É a continua procura de quem nunca desiste de viver..., é o trajecto de Eugénio de Andrade.
Lindos poemas,palavras para quê?
Um abraço
Na procura da ternura...
o segredo é não procurar
é apenas dar o que se tem
para no retorno, encontrar!
E quando se ama o que se não pode
Num eco o coração ouvir...pode, pode, pode...
Esperar o que o amor vai dar...
Não adianta chorar, em solidão
No eco a voz dentro, vai devolver...dão, dão, dão...
Que fazer então?
Ó meu amigo, se eu soubesse!!!???
Eugénio de Andrade tem aqui seu condão!
Um beijinho meu, com carinho pois então!
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