ONZE ANOS, ÚLTIMA MORTE
Quando chegou
a décima primeira
fome
os teus ombros
solares
aceitaram o arco
final
e a farinha parou
na saliva da
memória.
O teu rosto
rendeu-se à pedra que
rasteja
e só a tua alma
pequenina
se move
a beber num riacho que não
vemos.
A culpa foi tua
por pedires lugar à
vida
dentro deste tempo.
Ó filho da
ausência,
quem te disse para
vires?
Se quiseres ver o teu
planeta
regressa depois
quando a tua pequena
boca
não for demasiada,
quando se repartirem
madrugadas
e o pão que sobrar
te fizer sequer lembrar que já
morreste.
Mia Couto
4 Comments:
Excelente poema. Gosto muito de Mia couto.
Um abraço e bom domingo
bello poema
gracias por tu huella
buena semana
Gracias por pasar por mi blog. Un abrazo desde Buenos Aires.
mariarosa
Gostei muito do poema. Aqui falas da 11ª fome, mas haverá muitas outras fomes até ao fim dos nosso dias e, por incrivel que pareça, em pleno sec.XXI há aquela fome terrivel...fome de pão. Incrivel, não? Fome de pão???? Parabéns! Gostei muito. Beijinho e até breve
Emília
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