QUEM POLUIU...
Quem poluiu...
Quem poluiu, quem rasgou os meus lençóis de linho,
onde esperei morrer, __ meus tão castos lençóis ?
Do meu jardim exíguo os altos girassóis
quem foi que os arrancou e lançou no caminho ?
Quem quebrou (que furor cruel e simiesco ! )
a mesa de eu cear __ tábua tosca de pinho ?
E me espalhou a lenha ? E me entornou o vinho ?
__ da minha vida o vinho acidulado e fresco...
Ó minha pobre mãe !... Não te ergas mais da cova.
Olha a noite, olha o vento. Em ruína a casa nova...
Dos meus ossos o lume a extinguir-se breve.
Não venhas mais ao lar. Não vagabundes mais.
Alma da minha mãe... Não andes mais à neve,
de noite a mendigar às portas dos casais.
Camilo Pessanha
(1867-1926)
Quem poluiu, quem rasgou os meus lençóis de linho,
onde esperei morrer, __ meus tão castos lençóis ?
Do meu jardim exíguo os altos girassóis
quem foi que os arrancou e lançou no caminho ?
Quem quebrou (que furor cruel e simiesco ! )
a mesa de eu cear __ tábua tosca de pinho ?
E me espalhou a lenha ? E me entornou o vinho ?
__ da minha vida o vinho acidulado e fresco...
Ó minha pobre mãe !... Não te ergas mais da cova.
Olha a noite, olha o vento. Em ruína a casa nova...
Dos meus ossos o lume a extinguir-se breve.
Não venhas mais ao lar. Não vagabundes mais.
Alma da minha mãe... Não andes mais à neve,
de noite a mendigar às portas dos casais.
Camilo Pessanha
(1867-1926)
1 Comments:
Muito bom!
Não conhecia de todo!
Obr. pela publicação.
Pedro
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