MULHER
A AVÓ
A avó , nos trémulos dedos
mal sustentando o leve fuso,
ouve ao longe o som confuso
duns inocentes brinquedos.
__Achando aberto o jardim,__
diz a velha __ é sempre assim;
são como as aves inquietas.
Nem eu sei quem voa mais,
se os incansáveis pardais,
se as minhas queridas netas.
E a avó, nos trémulos dedos
fazendo girar o fuso,
ouve a rir o som confuso
dos tais longínquos brinquedos.
Eis principia a assomar
da cadeira no espaldar
a face, risonha e linda,
duma das netas, e a avó,
pensando que está bem só,
fala das netas ainda.
Fala; e nos trémulos dedos
fazendo girar o fuso,
ouve a rir o som confuso
dos tais longínquos brinquedos.
Nisto, um rosário que está
pendurado há muito já
num dos braços da cadeira,
escorrega e cai ao chão,
por lhe haver tocado a mão
daquela infantil brejeira...
E a avó, dos trémulos dedos
deixando cair o fuso,
já não ouve o som confuso
dos tais longínquos brinquedos;
mas assustada ao sentir
o seu rosário cair,
volta a nevada cabeça
e inda distingue o rumor
que faz pelo corredor
a neta, fugindo à pressa.
E, do cesto das meadas
a avó levanta o fuso,
ouve a rir o som confuso
de longínquas gargalhadas.
Guilherme Braga
A avó , nos trémulos dedos
mal sustentando o leve fuso,
ouve ao longe o som confuso
duns inocentes brinquedos.
__Achando aberto o jardim,__
diz a velha __ é sempre assim;
são como as aves inquietas.
Nem eu sei quem voa mais,
se os incansáveis pardais,
se as minhas queridas netas.
E a avó, nos trémulos dedos
fazendo girar o fuso,
ouve a rir o som confuso
dos tais longínquos brinquedos.
Eis principia a assomar
da cadeira no espaldar
a face, risonha e linda,
duma das netas, e a avó,
pensando que está bem só,
fala das netas ainda.
Fala; e nos trémulos dedos
fazendo girar o fuso,
ouve a rir o som confuso
dos tais longínquos brinquedos.
Nisto, um rosário que está
pendurado há muito já
num dos braços da cadeira,
escorrega e cai ao chão,
por lhe haver tocado a mão
daquela infantil brejeira...
E a avó, dos trémulos dedos
deixando cair o fuso,
já não ouve o som confuso
dos tais longínquos brinquedos;
mas assustada ao sentir
o seu rosário cair,
volta a nevada cabeça
e inda distingue o rumor
que faz pelo corredor
a neta, fugindo à pressa.
E, do cesto das meadas
a avó levanta o fuso,
ouve a rir o som confuso
de longínquas gargalhadas.
Guilherme Braga
7 Comments:
La abuela.
Quien no recuerda a la abuela , sus ricas comidas ,
sus merenguitos hechos a mano en el horno ,
su cariño ,
sus cuidados ,
aunque nunca la vi bordar o tejer,
ni tampoco tomar un rosario , aunque ya mayor tenia colgado de la pared un gran corazòn de Jesùs .
Ella fuè sastre y una mujer muy viajera , nunca estaba tranquila .
Gracias por traer a mi mente su imagen .
Besitos.
Bela poesia sobre a avó.
São palavras enriquecedoras.
Tenha uma terça feira de sucesso!
1000bjs
Muito boa a tua selecção de poemas!
Um abraço de brisa marinha*
Umas palavras bonitas sobre a avó, uma das pessoas que está intrinsecamente ligada a nós... Que no meu caso foi uma das pessoas que me criou. :)
Uma boa escolha. Gostei ;) *
adorei ler...e saudades que tive da minha avó
beijo
Recuerdos imperecederos. Abrazos.
Avó,
que saudade eu tenho da minha, embora a tenha dentro do meu coração...e ao meu lado.
Serenos sorrisos
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