terça-feira, julho 17, 2007

NA ALDEIA

Duas horas da tarde. Um sol ardente
Nos colmos dardejando, e nos eirados,
Sobreleva aos sussurros abafados
O grito das bigornas estridente.

A taberna é vazia; mansamente
Treme o loureiro nos umbrais pintados;
Zumbem à porta insectos variegados,
Envolvidos do Sol na luz tremente.

Fia à soleira uma velhinha; o filho,
No céu mal acordou da aurora o brilho,
Saiu para os cansaços da lavoura.

A nora lava na ribeira, e os netos
Ao longe correm seminus, inquietos,
No mar ondeante da seara loura.

Gonçalves Crespo
1846-1883

14 Comments:

Blogger Lusófona said...

Que bonito!!!

Deveria ser uma vida de muita labuta, mas acho que eram mais felizes do que nós. Hoje parece que ninguém importa-se com ninguém, as pessoas estão mais distantes, com pouco convívio..

Beijinhos e fica bem

1:10 da tarde  
Blogger minds said...

Eram sem duvida belos tempos.....

bj

2:51 da tarde  
Blogger BETTINA PERRONI said...

Me encantó Manuel, como cada selección tuya, exquisita...

Te dejo besos :D

5:02 da tarde  
Blogger Cris said...

Fia à soleira uma velhinha; o filho,
No céu mal acordou da aurora o brilho,
Saiu para os cansaços da lavoura.

A nora lava na ribeira, e os netos
Ao longe correm seminus, inquietos,
No mar ondeante da seara loura.


E agora... nem netos, nem lavoura, nem avó à espera... hoje não há nada.

um beijinho
Cris

9:32 da tarde  
Blogger Espaços abertos.. said...

Era uma vida dura e árdua nesses tempos,mas no entanto existia os grandes valores morais,enquanto hoje existe apenas distãncia,frieza e egoísmo.
Bom início de semana
Bjs Zita

9:39 da tarde  
Blogger A Professorinha said...

Adoro estas imagens escritas duma infância que eu tive :)

Sol, ribeira, lavoura, searas... Que saudades!!

Fica bem

9:45 da tarde  
Blogger rui said...

Olá

Linda poesia!
Somos transportados para a aldeia, para a vida na aldeia!

Gostei
Abraço

10:01 da tarde  
Blogger esse said...

Mas que belo quadro!
Beijinho

11:08 da tarde  
Blogger Páginas Soltas said...

Um belo soneto... Que relata a vida no campo.
Fizeste regressar no tempo, e com um brilho no olhar... Recordei saudosamente os meus tempos de menina e moça!

Parabens pela escolha do Soneto e a divulgação do poeta!

Beijos da

maria

11:49 da tarde  
Blogger Abril Lech said...

Bellisimo.

6:00 da manhã  
Blogger Silvia said...

Palabras bonitas, permiten soñar de forma tranquila.
un beso y abrazo

3:37 da tarde  
Blogger AnaR said...

Cuando la palabra valia mucho más...

Un abrazo

7:03 da tarde  
Blogger Vitória said...

Ola...

Poderia ser uma aldeia ... do "meu" Alentejo...

Beijo
Vitória

11:31 da tarde  
Blogger vieira calado said...

Gonçalves Crespo foi um dos primeiros poetas que eu li, creio que num livro da 4ª classe, do meu tempo.
Como as coisdas mudaram!

2:41 da tarde  

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