NA ALDEIA
Duas horas da tarde. Um sol ardente
Nos colmos dardejando, e nos eirados,
Sobreleva aos sussurros abafados
O grito das bigornas estridente.
A taberna é vazia; mansamente
Treme o loureiro nos umbrais pintados;
Zumbem à porta insectos variegados,
Envolvidos do Sol na luz tremente.
Fia à soleira uma velhinha; o filho,
No céu mal acordou da aurora o brilho,
Saiu para os cansaços da lavoura.
A nora lava na ribeira, e os netos
Ao longe correm seminus, inquietos,
No mar ondeante da seara loura.
Gonçalves Crespo
1846-1883
Nos colmos dardejando, e nos eirados,
Sobreleva aos sussurros abafados
O grito das bigornas estridente.
A taberna é vazia; mansamente
Treme o loureiro nos umbrais pintados;
Zumbem à porta insectos variegados,
Envolvidos do Sol na luz tremente.
Fia à soleira uma velhinha; o filho,
No céu mal acordou da aurora o brilho,
Saiu para os cansaços da lavoura.
A nora lava na ribeira, e os netos
Ao longe correm seminus, inquietos,
No mar ondeante da seara loura.
Gonçalves Crespo
1846-1883
14 Comments:
Que bonito!!!
Deveria ser uma vida de muita labuta, mas acho que eram mais felizes do que nós. Hoje parece que ninguém importa-se com ninguém, as pessoas estão mais distantes, com pouco convívio..
Beijinhos e fica bem
Eram sem duvida belos tempos.....
bj
Me encantó Manuel, como cada selección tuya, exquisita...
Te dejo besos :D
Fia à soleira uma velhinha; o filho,
No céu mal acordou da aurora o brilho,
Saiu para os cansaços da lavoura.
A nora lava na ribeira, e os netos
Ao longe correm seminus, inquietos,
No mar ondeante da seara loura.
E agora... nem netos, nem lavoura, nem avó à espera... hoje não há nada.
um beijinho
Cris
Era uma vida dura e árdua nesses tempos,mas no entanto existia os grandes valores morais,enquanto hoje existe apenas distãncia,frieza e egoísmo.
Bom início de semana
Bjs Zita
Adoro estas imagens escritas duma infância que eu tive :)
Sol, ribeira, lavoura, searas... Que saudades!!
Fica bem
Olá
Linda poesia!
Somos transportados para a aldeia, para a vida na aldeia!
Gostei
Abraço
Mas que belo quadro!
Beijinho
Um belo soneto... Que relata a vida no campo.
Fizeste regressar no tempo, e com um brilho no olhar... Recordei saudosamente os meus tempos de menina e moça!
Parabens pela escolha do Soneto e a divulgação do poeta!
Beijos da
maria
Bellisimo.
Palabras bonitas, permiten soñar de forma tranquila.
un beso y abrazo
Cuando la palabra valia mucho más...
Un abrazo
Ola...
Poderia ser uma aldeia ... do "meu" Alentejo...
Beijo
Vitória
Gonçalves Crespo foi um dos primeiros poetas que eu li, creio que num livro da 4ª classe, do meu tempo.
Como as coisdas mudaram!
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