SÁTIRA A UMA SOC......
SÁTIRA A UMA SOCIEDADE BURGUESA
Deixem-me rir a bom rir
Só assim me posso ir...!
Pátria, Família, Religião
São valores da burguesia
Que impõe a sua razão
Numa espécie de asfixia...!
O soldado a marchar
Às ordens dum general
A família a crescer
Toda no mesmo ideal
O padre a benzer
O próprio pecado original...!
Sempre a querer mandar
Está o marido machista
Fatigado, suave, sussurrante
(Tudo para disfarçar...)
Que no seu próprio lar
Vai ditando a tirania
Da mulher tudo fazer
Desde o coser ao lavar
Passando até pelo amar...!
Deixem-me rir a bom rir
Só assim me posso ir...!
Se o doente tem dinheiro
E está disposto a pagar
Então será o primeiro
No consultório a entrart,
Enquanto no hospital
No sector da urgência
Que nos valha a paciência...!
De fato escuro e gravata
Em direito formado
Ele não ata nem desata
Aquele processo intrincado,
É tanta e tal papelada
A confundir o pensar...,
Entretanto no banco dos réus
(Detidos sem culpa formada)
Passa a revolta calada.
Deixem-me rir a bom rir
Só assim me posso ir...!
Até que...
O juíz no tribunal
Com ar compenetrado
Lê a sentença final
Ao arguido já saturado
Por julgamentos sucessivos
Que se arrastam inconclusivos...,
Enquanto ele inocente
Espera impaciente
Entre grades de prisões
A última das decisões.
Há médicos, sapateiros
Operários, escritores
Ministros, serralheiros
Arquitectos, actores
Professores, engenheiros
Oprimidos e opressores...,
Estão todos misturados
Mas sem que haja igualdade
E convivem aleijados
Nesta mesma sociedade
Onde cresce o capitalismo
Aumentando a pobreza
Tenho disto a certeza.
Deixem-me rir a bom rir
Só assim me posso ir...!
Lá está em cena o burguês
Fingindo-se trabalhador
Vai chegar a sua vez
De se tornar ditador.
Esse burguês astucioso
É o pior, o mais perigoso
Só lhe interessa vencer
Para alcançar o poder.
Tantos homens sem escrúpulos
Continuam a proliferar
Porque afogada em crepúsculos
Anda a vontade de os derrotar.
Deixem-me desta vez chorar...!
Sinto-me inválida para apagar
O fogo que está a arder
Com perigo de alastrar
Se depressa não chover.
Sociedade burguesa
Ironia do destino
Não me ponhas mais a mesa
Não me dês mais desse vinho
Denuncio-te a escrever
Sem que me vença o cansaço
Faço da minha poesia
Uma espada de aço...!
Deixem-me rir a bom rir
Que o meu riso é de escárnio...
E de nojo... e de repulsa...
O meu riso satiriza
Com crescente zombaria
Toda e qualquer burguesia
Deixem-me rir a bom rir
Só assim me posso vir
Em orgasmo contrafeito
A apunhalar o peito...!
Ana Trigal
Deixem-me rir a bom rir
Só assim me posso ir...!
Pátria, Família, Religião
São valores da burguesia
Que impõe a sua razão
Numa espécie de asfixia...!
O soldado a marchar
Às ordens dum general
A família a crescer
Toda no mesmo ideal
O padre a benzer
O próprio pecado original...!
Sempre a querer mandar
Está o marido machista
Fatigado, suave, sussurrante
(Tudo para disfarçar...)
Que no seu próprio lar
Vai ditando a tirania
Da mulher tudo fazer
Desde o coser ao lavar
Passando até pelo amar...!
Deixem-me rir a bom rir
Só assim me posso ir...!
Se o doente tem dinheiro
E está disposto a pagar
Então será o primeiro
No consultório a entrart,
Enquanto no hospital
No sector da urgência
Que nos valha a paciência...!
De fato escuro e gravata
Em direito formado
Ele não ata nem desata
Aquele processo intrincado,
É tanta e tal papelada
A confundir o pensar...,
Entretanto no banco dos réus
(Detidos sem culpa formada)
Passa a revolta calada.
Deixem-me rir a bom rir
Só assim me posso ir...!
Até que...
O juíz no tribunal
Com ar compenetrado
Lê a sentença final
Ao arguido já saturado
Por julgamentos sucessivos
Que se arrastam inconclusivos...,
Enquanto ele inocente
Espera impaciente
Entre grades de prisões
A última das decisões.
Há médicos, sapateiros
Operários, escritores
Ministros, serralheiros
Arquitectos, actores
Professores, engenheiros
Oprimidos e opressores...,
Estão todos misturados
Mas sem que haja igualdade
E convivem aleijados
Nesta mesma sociedade
Onde cresce o capitalismo
Aumentando a pobreza
Tenho disto a certeza.
Deixem-me rir a bom rir
Só assim me posso ir...!
Lá está em cena o burguês
Fingindo-se trabalhador
Vai chegar a sua vez
De se tornar ditador.
Esse burguês astucioso
É o pior, o mais perigoso
Só lhe interessa vencer
Para alcançar o poder.
Tantos homens sem escrúpulos
Continuam a proliferar
Porque afogada em crepúsculos
Anda a vontade de os derrotar.
Deixem-me desta vez chorar...!
Sinto-me inválida para apagar
O fogo que está a arder
Com perigo de alastrar
Se depressa não chover.
Sociedade burguesa
Ironia do destino
Não me ponhas mais a mesa
Não me dês mais desse vinho
Denuncio-te a escrever
Sem que me vença o cansaço
Faço da minha poesia
Uma espada de aço...!
Deixem-me rir a bom rir
Que o meu riso é de escárnio...
E de nojo... e de repulsa...
O meu riso satiriza
Com crescente zombaria
Toda e qualquer burguesia
Deixem-me rir a bom rir
Só assim me posso vir
Em orgasmo contrafeito
A apunhalar o peito...!
Ana Trigal
23 Comments:
Fantástica a escrita de Ana Trigal. Nunca havia lido nada desta escritora, mas a julgar por este poema poderia dizer que deve ser maravilhosa!
Parabéns pela postagem.Arrasaste!
Um beijinho e bom fim de semana
Bello poema, me ha encantado pasearme por tu espacio, esta muy acogedor y los poemas preciosos...
saludos fraternos
Até parece que é "de propósito", Manuel...
Como a burguesia, embevecida pelos lucros luxuosos das magias financeiras, pensava que o seu mundo da "mostração" e os seus valores das "aparências" e do "mercado" constituíam, definitivamente, a "civilização" humana!
Afinal, as magias revelaram-se fraudes, os magos, burlões e a "civilização" deles ficou em causa...
Agora, o poder, para salvar essa burguesia, recorre aos mesmos: os verdadeiros produtores da riqueza, aqueles que trabalham ou trabalharam no dia a dia, física ou intelectualmente, para que a verdadeira "economia" exista: comida, vestuário, habitação, saúde, meios técnicos, educação, cultura, etc...
E será que não vamos responder ao poder a velhinha palavra de ordem "os ricos que paguem a crise !"?
De facto não conhecia a escrita dessa autora...
Aí está um belo retrato à burguesia de outrora, aos senhores que se acharam detentores de poder...
:)
Obrigada, manuel.
Fantastica poèma,mas hélas, nao conhece este autora.
Desculpe e bom domingo.
Muy original este poema, no conocía a la autora.
¡Gracias por compartirlo!
Besitos y alegrìas♥
Caramba. Coisa mais fixe! Nunca vi nem li tanta verdade junta! É por essas e por outras que digo; Religiões, instituições (casamentos) e conselhias, o diabo que os desfaça em dias!...
Ser livre, amar livremente, não ser criada do macho pensante (pouco) não ser apena smais uma mulher a dia sno seu próprio lar, ou mais ainda, trabalhar lá fora e cá dentro..não, está tudo errado, as Leis e a Sociedade assim o queiseram, e quem teve a brilhante ideia? AH, O HOMEM POIS, O BICHO HOMEM!...BEIJINHO sem ofensa, nem todos os homens são iguais...laura..
Muito bonito, Manu! E real...
Um beijinho
sabias palabras. Veo que te gusta la poesía y haces tu propia recopilación. Gracias por compartir tus gustos.
y gracias también por tu comentario en mi blog.
abrazos
É intemporal...
Votos de uma excelente semana.
"Deixem-me rir a bom rir
Só assim me posso vir
Em orgasmo contrafeito
A apunhalar o peito...!"
Deixa-me sublinhar o sarcasmo
destes 4 versos...
E a actualidade das palavras...
Beijo grande para ti...
Adorei o poema da Ana Trigal.
Bem mesmo.
Quanto ao post de cima...
... sou obrigada a discordar.
Todo homem, quando quer, tem amante.
Beijos!
Para o post imediatamente posterior,que não permite comentários:
- Nada tem a ver capacidade financeira com "amante". Pois a "amante" pode ser pobre, também.
Existe este tipo de relação em qualquer faixa social.
Abraços amigo.
Deus te abençoe
Miriam
Una maravilla de poesía-protesta, tu blog es muy agradable. Un abrazo.
Manuel,
"valente" poema! não conhecia a autora, obrigada p'la partilha.
boa semana
abraços e um sorriso :)
mariam
Oie lindinho! Perfeita poesia! E achei de certa forma engraçada, pela maneira descontraida que é descrita.
Boa semana! Beijos
Alguém pode me ajudar?
Estou fazendo uma pesquisa sobre o autor "Lindolpho Xavier"
DE PROPÓSITO publicou um poema dele em 14/03/08, romagem ás Serras, vi hoje, 20/01/09,neste momento.
Preciso saber a fonte:nome do livro/ ano de edição/ editora.
fico muito grata a quem puder me dar essa informação.
Terezinha
Pará de Minas/MG-Brasil
Segue dados para facilitar a localização:
SEXTA-FEIRA, MARÇO 14, 2008
DIA DA POESIA _ BRASIL
ROMAGEM ÀS SERRAS
Vc fala dos meus posts longos, mas este poema também é deveras longo!
Amigo:
Postei no Galeria. É uma postagem que me dá orgulho. Gostaria que vc fosse apreciá-la e que deixasse a sua opinião. Mas é no Galeria, se vc quiser ir aos outros Blogs, vá depois.
Um abraço,
Renata
"Deixem-me rir a bom rir"
Desconhecia totalmente a poeta. Fiquei com vontade de ler mais.
Beijo.
Adoro vir no teu blog.
Beeijos!!!
Por gentileza, alguém pode me ajudar?
Estou fazendo uma pesquisa sobre o autor "Lindolpho Xavier"
DE PROPÓSITO publicou um poema dele em 14/03/08, romagem ás Serras, vi hoje, 20/01/09,neste momento.
Preciso saber a fonte:nome do livro/ ano de edição/ editora.
fico muito grata a quem puder me dar essa informação.
Terezinha
Pará de Minas/MG-Brasil
Segue dados para facilitar a localização:
SEXTA-FEIRA, MARÇO 14, 2008
DIA DA POESIA _ BRASIL
ROMAGEM ÀS SERRAS
meu e-mail:terezapereiratt@hotmail.com
Um bom dia para ti!
Não sou intelectual, meu amigo, mas essa sátira eu entendi.
Beijo da Gigi!
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