quinta-feira, janeiro 29, 2015

BARCAROLA

A voz da água não ouço
Sem que me lembre um soluço
Águas do lago, do poço,
Dos rios em alvoroço,
Quando nelas me debruço.

Ando sozinho entre as velas
E os barcos de proas largas
Ora azuis, ora amarelas.
Mar de estranhas aguarelas,
Mar de lágrimas amargas.

Nesta viagem comprida
Não sei que vento embalou
A minha barca perdida.
Nem saiba eu nunca na vida
De onde venho, aonde vou !


Cabral do Nascimento

1 Comments:

Blogger Graça Pires said...

Esta "Barcarola" cheia de musicalidade e com uma rima excelente. Gostei imenso.
Um beijo.

7:25 da tarde  

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