sexta-feira, agosto 01, 2014

SONETO

Estende o manto, estende, ó noite escura,
Enluta de horror feio o alegre prado;
Molda-o bem co pesar dum desgraçado,
A quem nem feições lembram de ventura.

Nubla as estrelas, céu! que esta amargura,
Em que se agora ceva o meu cuidado,
Gostará de ver tudo assim trajado
Da negra cor da minha desventura.

Ronquem roucos trovões, rasguem-se os ares,
Rebente o mar em vão n'ocos rochedos,
Solte-se o céu em grossas lanças de água!

Consolar-me só podem já pesares:
Quero nutrir-me de arriscados medos,
Quero saciar de mágoa a minha mágoa.

Padre Francisco Manuel do Nascimento
(Filinto Elísio)
1734-1819

3 comentários:

  1. Quantas vezes necessitamos saciar as nossas magoas.
    Excelente escolha, belissimo poema.
    Um abraço
    Maria

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  2. Je viens te dire bonjour et j'espère que tout se passe bien pour toi
    bisous

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  3. ✿ ✿ Oh ! C'est très BEAU !!!

    Je t'embrasse fort !!! !!!! 。♡♡彡
    Bon début de semaine !!!!
    ☆ ★ ☆

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