quinta-feira, outubro 01, 2015

NO SILÊNCIO MONACAL

Eis, no silêncio monacal, um frémito
De borboletas... Lá de longe em longe,
Sobre a encantada placidez do tanque,
Serenamente caem gotas de água.
     
Ah! Não podermos suspender o tempo
E conservá-lo, como o fino orvalho
Imóvel neste cálice de rosa...
Ah! Não podermos suspender a vida!
     
Seremos como as estátuas sombrias
Que ficaram, nos cantos dos jardins,
Ou como as altas torres onde, a espaços,
Voam morcegos, ao morrer do sol!
     
Eis, no silêncio monacal, um frémito
De borboletas... Como é noite já!
De velha, a água enruga-se num poço...
Tomba do cális, sobre a terra, o orvalho.
     
       João Cabral do Nascimento

 

6 comentários:

  1. O silêncio é sempre tão inspirador... Este é um belo poema.
    Beijo.

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  2. Evocador del silencio que se acompaña de la placidez del espiritu y de la paz del alma.
    Muy bello, como todo lo que sueles ofrecernos. Es un placer disfrutar con estos escritores desconocidos para mí. Saludos cordiales. Franziska

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  3. GRAN TEXTO. GRACIAS POR COMPARTIR.
    ABRAZOS

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  4. Belíssimo poema, que ecoa no silêncio sempre tão apetecível e até faz enrugar a água no poço!
    Um abraço.

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  5. Parar a vida para esquecer um pouco a caminhada

    Que belo poema

    Boa semana

    Bjgrande do Lago

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