domingo, junho 01, 2014

ESTE RIO DE VERÃO

Este rio de verão, esta paz, este rio,
A tristeza de ser quem em mim não conheço,
Este alheio seguir sobre o gume do fio,
Este alheio acordar sob o molde de gesso.
Esta vã solução de dizer «obrigada|»
Ao que passa e não vê, ao que volta e não vem,
Este dedo de Deus que se aponta à errada
Lucidez da mulher que de mim é ninguém.
Como drama que espera o chegar do Actor
E de gritos, no Ar, enche a tarde de dó,
Eu me espero, me espero, entre o Amor e o Terror.
Sobe o pano. E o deserto é de mosto e sol-posto
E onde estou é no sangue. E onde vou é no pé.
Natercia Freire

5 comentários:

  1. Vim retribuir a visita e fiquei a ler. Gostei.
    um beijinho
    Gábi

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  2. Obrigada pela visita. Gostei do que li e voltarei.

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  3. Há sempre algo em nós que desconhecemos e que nos impulsiona a tomar certas atitudes e seguir caminhos que nem imaginamos.
    Daí haver sempre no nosso íntimo aquela espera do desconhecido que acontecerá a qualquer momento.

    Muito bom

    Bjgrande do Lago

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  4. Todas nós nos reconhecemos um pouco na poesia de Natércia Freire, nesta " A tristeza de ser quem em mim não conheço"... Obrigada pela partilha.
    Abraço.

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  5. Meu amigo

    Um poema muito profundo. Adorei ler, mesmo sem conhecer a poetisa.
    Deixo um beijinho e agradeço as palavras de apoio e carinho que me adoçaram o coração e me ajudaram a voltar.
    Sonhadora

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