sexta-feira, abril 01, 2016

JORGE DE SENA

JORGE DE SENA

ao Manuel Poppe


Eis-te no porto em que o desejo cessa.

Viveste pouco e no entanto tanto!

O exílio sofre-se só se é promessa

De novo e revisitado canto.

A distância isola. A coragem cansa.

O trabalho, ó teu único repouso!

Há na tua força a ternura mansa

Dos gigantes. Mas como ter o gozo,

A inocência nua de viver-se

Na pátria antiga e fácil da amargura,

Se não há nela espaço p'ra morrer-se

E o nosso canto lá se desfigura?


Eugénio Lisboa

Londres, Fev. 1979

3 comentários:

  1. Muito bonito! Cheio de alma e sentimento.

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  2. Palavras cheias de actualidade... onde nesta pátria não há ainda espaço para morrer-se... com tantos portugueses forçados a emigrar...
    Adorei o poema!
    Abraço!
    Ana

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